Avibras aposta em seu míssil AV-MTC antes do declínio comercial do sistema Astros
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Avibras aposta em seu míssil AV-MTC antes do declínio comercial do sistema Astros

Avibras AV MTC
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O tempo passa para todos, e um dos produtos mais conhecidos da Avibras, o Astros, de Artillery SaTuration ROcket System, está chegando ao final de seu ciclo de viabilidade comercial, sendo superado na atualidade por sistemas mais modernos que empregam mísseis guiados de longo alcance muito mais precisos.

Exatamente por perceber isso, a empresa brasileira está desenvolvendo, atendendo a requerimentos do Exército Brasileiro, um míssil tático de cruzeiro, o AV-MTC, e um novo foguete guiado a laser, o FG40, ambos de grande precisão.

Astros

Foguetes Astros: tecnologia já está superada por novos mísseis de cruzeiro (Imagem: Roberto Caiafa)

O conceito de bater grandes áreas saturando o terreno com foguetes e ogivas de fragmentação vem sendo paulatinamente substituído pelo disparo de mísseis de cruzeiro ou drones do tipo loitering ammunition, capazes de atingir alvos específicos com baixa probabilidade de danos colaterais, evitando o desgaste político da opinião pública contrária a morte de civis.

Essas armas podem ser disparadas a grandes distâncias de seus alvos e fornecem alto poder dissuasório, sendo peças fundamentais em “ataques de decapitação” cirúrgicos contra instalações vitais como redes de geração e fornecimento de energia, sistema de tratamento de água, refinarias, pátios ferroviários, centros de comando e controle, bunkers reforçados ou mesmo palácios presidenciais.

Enquanto reforça sua opção pelos mísseis, inclusive assinando um acordo de desenvolvimento de uma versão lançada  do ar de seu AV-MTC com a Força Aérea Brasileira, denominada MICLA-BR, a Avibras também aposta suas fichas na “nova” corrida espacial, onde dezenas de novas empresas agitam o mercado de lançadores com novas tecnologias de propulsão, projeto e construção de foguetes.

Programa espacial

A linha de produtos espaciais da Avibras Aeroespacial e Defesa

Com o mercado de lançadores tornando real a opção “Centro de Lançamento de Alcântara”, e com os lançamentos de nano satélites ou sat cubes atingindo níveis cada vez maiores, é certo que um mercado de logística espacial para a construção dos lançadores, dos motores e a produção dos insumos propelentes também terá de ser disponibilizado.

E a Avibras está muito bem posicionada para atender a esse mercado de forma bem específica. Atualmente a empresa fornece dois tipos de foguetes de treinamento, usados para manter a operacionalidade dos centros de lançamento ou para serem lançados em pesquisas, e o foguete de dois estágios VSB-30, um grande sucesso comercial, passou a integrar o portifólio de produtos em 2020.

De propulsão sólida, o foguete VSB-30, assim como os estágios VS-30 e VS-31, são essenciais para as pesquisas hipersônicas que hoje utilizam o glider 14-X e que no futuro poderão resultar em lançadores hipersônicos altamente confiáveis e reutilizáveis para colocar em órbitas baixas nano satélites para diferentes aplicações, civis e militares.

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O motor S50 é construído em fibra de carbono e queima 12 toneladas de propelente sólido (Imagem: Avibras Aeroespacial e Defesa)

Quanto ao motor S50, testado com sucesso em bancada em 2021, trata-se de um propulsor com 1,5 m de diâmetro e 5,5 m de comprimento, com envelope motor em fibra de carbono (Carbon Fiber Reinforced Polymer) de elevada eficiência estrutural, carregado com 12 toneladas de propelente sólido composite, sendo capaz de gerar 450 kN durante aproximadamente 84 segundos de queima.

Esse seria o motor a ser empregado no Veículo Lançador de Microssatélites da Agência Espacial Brasileira/Programa Espacial Brasileiro.

Não menos importante, a empresa brasileira domina a produção do Perclorato de Amônia ou PCA, em diferentes tamanhos de grão (fino, médio e grosso), um dos insumos essenciais e estratégicos para fabricar o propelente sólido do tipo compósito para foguetes, e pretende produzir também em Lorena, no interior de São Paulo, o Polibutadieno Hidroxilado ou PBHT, insumo fundamental na produção de combustível sólido. 

Essa capacitação é imprescindível para os foguetes do novo Programa Espacial Brasileiro e para o futuro industrial do negócio.

Avibras pbht

Se já tivesse sido inaugurada, a fábrica poderia produzir até 2000 toneladas de PBHT/ano (Imagem: Avibras)

A Avibras Aeroespacial e Defesa investiu, em valores de 2018, R$ 72 milhões na construção de uma nova fábrica para produção do PBHT, considerado estratégico pois é fundamental para o resgate da soberania nacional na produção de combustível sólido, essencial para as atividades aeroespaciais. A  pretendida planta fabril, de responsabilidade da empresa, contava em 2018 com recursos próprios e financiamento 100% reembolsável do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Se já tivesse sido inaugurada, a fábrica poderia produzir até 2000 toneladas de PBHT/ano. 

A previsão de conclusão, final de 2019, não foi concretizada pela empresa, e o assunto ficou em banho maria, desaparecendo dos noticiários. 

A produção de PBHT também serviria para robustecer a vocação industrial química da planta de Lorena, que já produz o Perclorato de Amônia (PCA), um outro elemento essencial para a fabricação de combustível sólido.

O domínio do processo de produção, materializado pela construção da fábrica de PBHT, quando acontecer, irá restabelecer a autossuficiência em sua produção e resguardar o interesse nacional de embargos, uma vez que tal insumo é produzido por poucos países no mundo e nenhum destes no hemisfério sul.

Três anos após o prazo inicial das operações, anunciado pela própria Avibras, nada foi ainda produzido e o País continua a depender de fornecedores estrangeiros para esses insumos.

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 (Imagem: Avibras Aeroespacial e Defesa)



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