A autorização do mantenimento de negociações entre a Marinha do Brasil e a Real Marinha Britânica, visando a compra do porta-helicópteros HMS Ocean, foi emitida pelo Ministério da Defesa brasileiro no último dia 29 de novembro. (Tal fato foi confirmado por meio de nota da Marinha do Brasil reproduzida ao final do artigo).
Capítulo mais recente de uma história iniciada em 2010, época em que o HMS Ocean e os Royal Marines operaram pelo litoral brasileiro durante vários dias, o fato é que, no cenário atual, o NAe A-12 São Paulo (ex-Foch) está aguardando desmobilização estacionado no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. A Marinha do Brasil procura por um novo nau-capitânea capaz de substituí-lo.
Esse papel vem sendo exercido (com grande disponibilidade) pelo NDM G-40 Bahia desde a sua incorporação a Esquadra. Recentemente, o navio completou a qualificação de operações aéreas noturnas simultâneas a bordo, sendo presença constante nos exercícios realizados pela Marinha do Brasil desde a sua chegada.
O interesse no HMS Ocean, um navio já conhecido pelo Almirantado, sinaliza claramente que a Marinha do Brasil avaliou intensamente o NDM G-40 Bahia e concluiu pela necessidade de uma plataforma de assalto anfíbio maior, capaz de operar helicópteros de médio/grande porte com maior desenvoltura. Certamente, a embarcação inglesa oferece maior tonelagem e capacidade expedicionária que o ex-Classe Foudre, pois carrega a bordo uma quantidade expressiva de veículos, equipamentos e sistemas de apoio, engenharia e logística.
Por outro lado, o Bahia possui doca alagável na popa e opera os blindados anfíbios Clanf com naturalidade. O HMS Ocean lança ao mar suas embarcações de assalto anfíbio através de turcos montados em aberturas de serviço nas laterais do seu casco, acima da linha dágua.
Essas diferenças podem indicar que o G-40 Bahia assumiria um papel secundário, como meio de treinamento/qualificação para a Aviação Naval (asas rotativas) e para o Corpo de Fuzileiros Navais, além do seu contínuo aperfeiçoamento como navio da Força de Superfície, e o HMS Ocean atuaria como Nau-Capitânea exercendo as mesmas missões, porém em um espectro muito mais amplo.
A decisão pela compra do HMS Ocean, caso se concretize, vai restituir a capacidade da Marinha do Brasil de navegar em águas azuis com um grupo de batalha capitaneado por um navio de grande porte. Segundo os rumores, o valor desse negócio, cerca de 80 milhões de libras esterlinas, seria financiado de forma a permitir a sua aquisição pelo Governo Brasileiro com o uso de recursos do Ministério da Defesa.
Um fator a se considerar com relação a compra (ou não) do HMS Ocean diz respeito a qual a magnitude da venda em termos de implementos de bordo/a bordo. Na verdade, muitas a respeito do HMS Ocean precisam de respostas. O L12 possui três armas de defesa terminal de curto alcance CIWS Phalanx. Elas ficariam a bordo ou o navio seria recebido sem capacidade de defesa antiaérea significativa (mesmo problema detectado no G-40 Bahia)? A compra incluirá os hovercrafts e lanchões de desembarque, material de apoio de engenharia, viaturas especializadas e demais equipamentos que complementam as capacidades do navio? O Ocean, caso se torne o novo Nau-Capitãnea da MB, seria candidato natural a receber o míssil Sea Ceptor e seus sensores/radares associados?