O Diário Oficial da União Nº 160, de 22 de agosto de 2023, publicou um extrato do Memorando de Entendimento (MOU) Nº70-1/2023 assinado entre a Marinha do Brasil e a Stella Tecnologia com o objetivo de “avaliar as características e requisitos técnicos necessários ao desenvolvimento de um sistema de Aeronave Remotamente Pilotado Embarcado (SARP-E) capaz de operar a partir do Navio Aeródromo Multipropósito Atlântico (A140).
Quem assina o documento é o contra-almirante Emerson Gaio Roberto, que a época estava à frente da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM)*, criada em 1922, e que na atualidade, entre inúmeras responsabilidades, orienta e emite parecer sobre projetos referentes a alteração, conversão, modernização ou obtenção de meios aéreos, e fomenta a nacionalização de materiais de jurisdição técnica da DAerM.
*A época da assinatura do MOU, o contra-almirante Emerson Gaio Roberto já havia sido nomeado como o novo Comandante da Força Aeronaval da Marinha do Brasil, mas a autoridade ainda não assumiu efetivamente o cargo.
SARP-E Albatross
O MOU não explicita qual é o SARP-E a ser avaliado, no entanto, e com base em entrevistas e reportagens realizadas anteriormente com a Stella Tecnologia, publicadas em Infodefensa (Infodron.es), é correto afirmar com total segurança que se trata do SARP-E Albatross, drone de asa fixa com configuração de cauda dupla e motorização pusher, especialmente equipado com um trem de pouso triciclo fixo equipado com duas rodas, justamente para operar com desenvoltura no convoo do NAM Atlântico.
O Albatross vem para o pouso no convoo do NAM Atlântico. SNAPSHOT: Stella Tecnologia
As missões de um SARP-E da categoria do Albatross podem variar de operações SAR (Search and Rescue) em tempos de Paz ou C-SAR (Combat Search and Rescue) em tempos de conflito, passando por ações típicas IVR, de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, seja em conjunto com Forças Especiais da Marinha ou mesmo em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), e chegando até as operações de combate que envolvam a busca, a localização e o engajamento de alvos de superfície no mar.
O Albatross pode atuar como um “designador de alvos avançado” com grande alcance e persistência (Endurance) de missão, por períodos de até 25 horas, realizando a busca, detecção e designação de alvos de dia ou a noite, com grande qualidade de visualização das imagens, empregando o EOS Argos-8 da Hensoldt, que foi recentemente integrada ao protótipo demonstrador do Albatross.
O SARP-E Albatross pode colocar o Brasil no mesmo nível operacional obtido pelos turcos com o seu Baraykitar TB-3 embarcado. SNAPSHOT: Stella Tecnologia
Trata-se de um sistema eletro-óptico (EOS) de 8 polegadas, giro-estabilizado, com uma massa inferior a 6 kg e equipado com designador/telêmetro laser.
Os sensores infravermelhos refrigerados oferecem operação diurna e noturna para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), bem como missões de inteligência, vigilância, aquisição de alvos e reconhecimento (ISTAR).
Projetado para ser capaz de executar operações aéreas embarcadas a partir de convoos, caso do NAM Atlântico (A140), o Albatross pode decolar ou pousar desse navio usando seu trem de pouso com duas rodas em cada unidade, uma solução simples que agrega segurança nos pousos e decolagens automáticos.
O Albatross equipado com o EOS Argos-8 da Hensoldt: capacidade de localizar e designar alvos a dezenas de milhas afastado do NAM Atlântico. Foto: Stella Tecnologia