Durante a Fidae 2024, realizada em Santiago, capital do Chile, The Boeing Company recebeu a reportagem de Infodefensa.com para falar sobre o interesse da Força Aérea Brasileira (FAB) na aeronave de patrulha marítima e guerra antisubmarina P-8A Poseidon, visando a substituição das aeronaves P-3AM Orion.
A primeira demonstração desse interesse, segundo a Boeing, teria acontecido em junho de 2022, durante o Farnborough Air Show na Inglaterra, quando uma comitiva do Comando da Aeronáutica buscou informações sobre o Boeing P-8 e sobre o jato de treinamento avançado T-7A Red Hawk.
Segundo o material promocional da Boeing para o Brasil, o P-8A Poseidon pode gerar dividendos econômicos importantes, além de integrar o Brasil ao clube de operadores do modelo, com inúmeras vantagens. Firma: Boeing
Em setembro do mesmo ano, o então comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, recebeu em seu escritório em Brasília os representantes da Boeing para a América do Sul e da Saab para tratar do assunto (a Saab é parceira da Boeing no projeto, fabricação e vendas do T-7A).
Participaram dessa reunião o então diretor regional da Boeing, Tim Flood, acompanhado pelo diretor de Negócios Donn Yates; o líder regional Pablo Weltman e os desenvolvedores de negócios Tomas Karlsson e Kistian Skoog.
A reunião também contou com a presença do vice-chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, major da aeronáutica Valter Borges Malta, e do presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate, brigadeiro Antonio Luiz Godoy Soares Mioni Rodrigues.
Segundo o material promocional da Boeing para o Brasil, o P-8A Poseidon pode gerar dividendos econômicos importantes, além de integrar o Brasil ao clube de operadores do modelo, com inúmeras vantagens. Firma: Boeing
¿Seis novos P-8A Poseidon para a FAB?
No estande da Boeing, durante a Fidae, o agora vice-presidente de desenvolvimento de negócios internacionais da empresa para a Europa e as Américas, Tim Flood, falou a Infodefensa.com sobre a possibilidade da realização de um contrato Gov To Gov (governo a governo) dentro do Programa Foreign Military Sales (FMS), para o P-8A Poseidon.
O executivo explicou a reportagem que esta conversa inicial não envolveu valores de aquisição ou prazos de entrega, e que existiria um potencial demandado pela FAB para até seis aeronaves P-8A novas.
O corresponsal de Brasil, Roberto Caiafa, entrevista a Tim Flood durante a Fidae 2024. Firma: Márcia Costley/Boeing
Somente a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) opera hoje 118 dessas aeronaves (128 contratadas), e entre aviões entregues e contratados, mais oito nações utilizam ou encomendaram o modelo: Marinha da Índia, Real Força Aérea Australiana, Real Força Aérea do Reino Unido, Real Força Aérea Norueguesa, Real Força Aérea da Nova Zelândia e Marinha da República da Coreia já estão voando o tipo, que também foi encomendado pela Marinha Alemã e pela Força Aérea Real Canadense.
No total, 167 desses aviões já foram entregues e estão em serviço.
A aeronave P-8 Poseidon baseada na plataforma Boeing 737NG, possui 86% de componentes usados na aviação comercial e se beneficia do suporte global da Boeing, através de parcerias assinadas com empresas de nações clientes.
118 aviões P-8 já estão operando na Marinha dos EUA em conjunto com os drones Northrop Grumman MQ-4C Triton.
Recentemente a Boeing recebeu um contrato para mais 10 aeronaves P-8 para Marinha dos EUA, aumentando esse número para 128 aviões somente nos Estados Unidos.
No entanto, e segundo a Boeing, as encomendas precisariam acontecer em uma janela temporal de até dois anos, já que a linha de produção do modelo não deverá permanecer aberta muitos anos a frente, tornando a decisão por parte do Brasil algo que não poderia ser protelado ou atrasado indefinidamente.
Um P-8A Poseidon da Real Marinha da Austrália. Firma: Roberto Caiafa
Nota do Autor: A oferta da Boeing aconteceu um dia após a Embraer anunciar, também na Fidae 2024, o lançamento de sua versão MPA (Maritime Patrol Aircraft) do C-390 Millennium, as imagens divulgadas pela empresa brasileira mostrando inclusive o avião armado e transportando mísseis Mansup-ER ou similar em cabides na parte externa das asas.
Ocorre que a janela de tempo ideal citada pela Boeing para o Brasil colocar encomendas do P-8A Poseidon bate exatamente com o tempo necessário para a Embraer desenvolver a versão MPA do seu C-390 Millennium e oferecê-la no mercado.
Certamente, essa será uma disputa bem interessante, já que ambos os produtos possuem enorme potencial, muitas vantagens e um excelente foot-print de vendas já consolidadas. Quem viver, verá.
O C-390 MPA. Firma: Embraer