LAAD 2025 e a "Invasão Turca": Como eliminar dependência tecnológica pode gerar bons negócios
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LAAD 2025 e a "Invasão Turca": Como eliminar dependência tecnológica pode gerar bons negócios

O tamanho do pavilhão turco e a importância dos negócios anunciados confirmam uma Turquia em ascensão na Indústria Global de Defesa
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Acordo entre Embraer e TAI pode incluir futuramente caça de quinta geração e drones de combate. Firma: Roberto Caiafa
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A Base Industrial de Defesa da Turquia foi um dos destaques da LAAD 2025, seja pelo tamanho e variedade de estandes, produtos, serviços e tecnologias oferecidos, como pela grande quantidade de negócios realizados ou em andamento, não só com o Brasil, o maior mercado do continente, como com outros importantes países sul americanos que estão em um viés de compras para renovar equipamentos militares capitais como aeronaves de combate, navios de guerra e veículos blindados, dentre outras inúmeras demandas.

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O estande institucional do Governo Turco na LAAD 2025. Firma: Roberto Caiafa

Aeronaves (AR)

A primeira cerimônia da feira, antes mesmo de sua abertura oficial, reuniu autoridades do governo turco e brasileiro, além de duas grandes empresas nacionais, pelo Brasil a Embraer e pela Turquia, a TAI ou Turkish Aerospace Industries

No acordo entre ambas, figuram investimentos na linha de jatos comerciais E2 E-Jet por parte da indústria aeroespacial turca, que deseja integrar a cadeia global de fornecedores dessa linha de jatos comerciais regionais e assim expandir suas capacidades industriais.

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O UCAV Bayraktar Kizilelma nas cores da FAB: uma parceria para o futuro? Firma: Roberto Caiafa

No setor de Defesa, esse acordo pode evoluir para uma encomenda turca do jato de transporte militar bimotor KC-390 Millennium da Embraer, com a possibilidade de produção local na Turquia, enquanto o Brasil teria interesse na muito bem sucedida linha de drones produzidos localmente pela Baykar, que inclui um UCAV stealth a jato, o Bayraktar Kizilelma, um drone de ataque bimotor de grande alcance, o Bayraktar Akinci, e o drone MALE Bayraktar TB2, um UCAV de grande sucesso quando empregado em operações militares complexas voando em cenários tão díspares como a Síria e a Ucrânia.

Existe mesmo a possibilidade futura de o Brasil tornar-se parceiro dos programas para um caça de 5ª geração em desenvolvimento na Turquia, o KAAN (TAI TF-X), que realizou seu voo inaugural em fevereiro de 2024, e do jato de treinamento HURJET, que já tem a participação da brasileira Akaer no seu desenvolvimento e projeto, e foi selecionado recentemente pela Espanha para reequipar o seu Exército do Ar. 

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Munições turcas fabricadas pela MKE. Firma: Roberto Caiafa

NOTA: Essa parceria com a Turquia, teoricamente, não afetaria o Programa Gripen BR, que está produzindo e entregando ao Brasil 36 caças Gripen E/F, com negociações em curso atualmente para extender o número de aeronaves a serem produzidas.

Blindados e Metralhadoras (Terra)

Esse foi um setor onde as empresas turcas vieram com força, especialmente no caso do mercado brasileiro, onde o Exército busca adquirir, com produção local, blindados de combate para a infantaria e um novo carro de combate, assumidamente mediano (limite de 50 toneladas). 

Ambos devem usar a mesma plataforma automotiva (chassis e powertrain), dentro de um conceito de família de versões, e no caso do MMBT ou Medium Main Batlle Tank, terão preferência na licitação propostas que prevejam o emprego da torre Leonardo HITFACT MKII, a mesma utilizada pelo Centauro II (cujo contrato de aquisição para 96 unidades ainda não foi assinado, diga-se).

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O TULPAR 120mm com a torre da Leonardo HITfact MK II. Firma: Roberto Caiafa

O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil também precisa renovar sua frota blindada de combate, porém o debate conceitual sobre o uso de esteiras ou rodas, que ocorre atualmente, será o divisor de águas na escolha de um novo caça tanques, já que os cansados SK-105A2S Kurrassier estão bastante desgastados e com baixa disponibilidade operacional.

O primeiro cliente no continente sul americano a contratar uma empresa turca para modernizar seus blindados Leopard 2A4 foi o Chile, o que demandou a abertura de um escritório da companhia Aselsan na capital, Santiago, encarregado de gerenciar esse programa. 

Sendo uma das maiores corporações de Defesa da Indústria turca, a Aselsan chega ao mercado latino americano em 2025 oferecendo munições guiadas ar-terra e solo-solo, sistemas de combate de emprego naval, sensores avançados IR/Laser/Termal, produtos e tecnologias para segurança pública, e uma estratégia de cooperação com novos parceiros regionais que inclui transferência tecnológica e produção local.

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O estande da Aselsan. Firma: Roberto Caiafa

 

A modernização de plataformas terrestres, aéreas e navais é outro mercado onde a Aselsan enxerga boas possibilidades de negócios com algumas nações sul americanas.

O show proporcionado pela OTOKAR com a exibição da proposta MMBT do TULPAR 120mm e pela FNSS com o KAPLAN 105mm colocaram a indústria de blindados turca em evidência no mapa da América Latina, tradicional consumidora de produtos europeus ou norte-americanos usados e tecnologicamente defasados, na maior parte. 

Outro destaque no setor terrestre foi o primeiro grande contrato de uma empresa turca de Defesa no Brasil.

O Exército Brasileiro fechou a compra de 200 metralhadoras pesadas M2HB Quick Change Barrel (QCB) da Samsun Yurt Savunma Sanayi (SYS), também conhecida como Canik Arms.

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O FNSS Kaplan 105mm ao fundo, e sua versão IFV em primeiro plano. Firma: Roberto Caiafa

 

Estas metralhadoras serão usadas para equipar estações de armas remotas e manuais em veículos blindados de rodas do Exército Brasileiro, como os Guarani 6x6 e os Guaicurus 4x4

O contrato, avaliado em cerca de 3,1 milhões de dólares, foi fechado através da Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW).

Mísseis e Patrulhas (Mar)

A parceria entre a brasileira SIATT e a empresa turca Kale Jet Engines para o fornecimento de motores micro turbojato KTJ 3200 para os primeiros protótipos do MANSUP-ER (200 km+ de alcance), mísseis que serão testados a partir do primeiro trimestre de 2026, representou um enorme passo para a Marinha do Brasil, que poderá contar com dois tipos de mísseis antisuperfície para armar suas escoltas classe Niterói e classe Tamandaré, o MANSUP padrão, com 70 km de alcance, e a versão ER com 200km+.

O mercado naval militar brasileiro, no curto prazo, deverá colocar encomendas para 11 novos navios de patrulha oceânicos de 500 toneladas, que deverão ser construídos no Brasil, uma oportunidade para a Aselsan, que possui um portifólio naval abrangente para equipar/armar esses patrulhas, especialmente os três exemplares da versão de Guerra de Minas/Contramedidas de Minagem, com o primeiro casco previsto para ser entregue a Esquadra Brasileira em 2031.

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O estaleiro turco TAIS apresentou na LAAD 2025 sua linha completa de embarcações militares. Firma: Roberto Caiafa



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