Brasil negocia com Reino Unido dois LPD´s Classe Albion para ampliar capacidade expedicionária dos Fuzileiros Navais

O Governo do Reino Unido e o Governo do Brasil estariam em negociações finais para concretizar a venda de dois LPDs da classe Albion para a Marinha do Brasil. 

Nomeados HMS Albion (L14) e HMS Bulwark (L15), esses navios foram construídos originalmente para incrementar as capacidades de assalto anfíbio dos Royal Marines.

Esse negócio aconteceria logo após a decisão de aposentar os navios de assalto anfíbio e os navios-tanque da classe Wave.

Ambos foram considerados “velhos” pelo Ministério da Defesa do Reino Unido, apesar da sua relativa juventude para os padrões de um país em desenvolvimento como o Brasil.

Histórico

O Secretário da Defesa do Reino Unido, John Healey, confirmou ao Parlamento, no final de 2024, que os LPD da classe Albion (HMS Albion e HMS Bulwark), os navios-tanque da classe Wave (RFA Wave Knight e RFA Wave Ruler) e a fragata Type 23 HMS Northumberland estão sendo desativados no âmbito de um esforço mais vasto de modernização das Forças Armadas do Reino Unido.

A decisão faz parte de uma série de medidas para retirar de serviço equipamento militar desatualizado, poupando aos contribuintes de Sua Majestade até 150 milhões de libras nos próximos dois anos e até 500 milhões de libras em cinco anos.

Segundo informações publicada pelo The Daily Mail em 26 de janeiro de 2025, o Ministério da Defesa do Reino Unido estaria vendendo os dois navios de assalto anfíbio ao Brasil a um preço mais baixo do que o anteriormente investido pelos britânicos na manutenção e modernização de ambos.

Esta medida, que faz parte de uma estratégia de redução de custos, levanta questões sobre as futuras capacidades anfíbias da Marinha Real e as implicações estratégicas da alienação de ativos-chave num contexto de crescente instabilidade global.

O HMS Albion e o HMS Bulwark são os únicos navios de guerra anfíbia dedicados capazes de enviar tropas, veículos e equipamento dos Royal Marines para atuarem em ambientes contestados. Comissionados no início dos anos 2000, os navios foram projetados para operações expedicionárias, assistência humanitária e projeção de poder. 

Se esta venda for realmente confirmada, como tudo indica, a capacidade de conduzir operações anfíbias de forma independente estaria perdida, e pela primeira vez, a Royal Navy se veria numa constrangedora situação: depender de forças aliadas para cumprir esse tipo de missão até 2033, quando os substitutos dsa classe Albion deverão ser entregues.

A decisão está em linha com a atual política de cortes em curso no Ministério da Defesa Britânico, que dá prioridade às novas tecnologias como plataformas multi-roll, que entregam maior eficiência com custos menores. 

No entanto, a falta de um substituto direto para estes navios deixaria o Reino Unido com uma lacuna na sua capacidade de efetuar desembarques anfíbios em grande escala, algo que só poderia ser feito com o apoio significativo das marinhas aliadas, nomeadamente dos Estados Unidos e parceiros da NATO/OTAN. 

As críticas ao negócio no Reino Unido, que aumentaram bastante após a divulgação feita pelo Daily Mail, estão centradas no fato de que, nos últimos 14 anos, o Reino Unido investiu fortemente na manutenção e na atualização de ambos os navios, com despesas alegadamente superiores a 132 milhões de euros.

Adicionalmente, durante o período em reserva, foram executados serviços e reparos estimados em 72 milhões de euros para o HMS Bulwark, e seu preço de venda, especulado em um valor muito abaixo desses gastos, suscitou um vigoroso debate e muitas preocupações foram expressadas no Parlamento sobre a racionalidade financeira dessa decisão, dado que o custo de substituição combinado desse par de LPD´s será várias vezes superior aos valores ora sendo negociados entre o Reino Unido e o Brasil.

Para a Marinha do Brasil, trata-se de uma compra de oportunidade espetacular, já que isso permitiria maximizar o emprego do G-40 Bahia (ex-classe Foudre) e aposentar, finalmente, embarcações antiquadas como o Navio de Desembarque de Carros de Combate (NDCC) Almirante Saboia, originalmente construído para o Exército Britânico em 1967. 

Ele foi transferido para a Royal Fleet Auxiliary (RFA) em 1970 e posteriormente adquirido pelo Brasil em 2009 (mais de 55 anos em serviço). 

Características Classe Albion

Os LPDs da classe Albion têm um comprimento de 176 metros (577 pés), uma largura (boca) de 28,9 metros (94 pés 10 pol.) e um calado de 7,1 metros (23 pés 4 pol.). 

Esses navios apresentam um deslocamento normal de 14.000 toneladas (14.000 toneladas longas; 15.000 toneladas curtas), 19.560 toneladas (19.250 toneladas longas; 21.560 toneladas curtas) em plena carga e 21.000 toneladas (21.000 toneladas longas; 23.000 toneladas curtas) quando a doca está inundada.

Os navios têm uma tripulação de 325 pessoas e podem acomodar até 405 tropas, incluindo os seus veículos e abastecimentos de combate, em condições de sobrecarga. 

O sistema de propulsão eléctrica da GE é alimentado por dois geradores a diesel Wärtsilä Vasa 16V 32E que geram um máximo de 6,6kV e acionam dois motores eléctricos, dois veios e um propulsor de proa, além de fornecerem toda a energia de serviço do navio. O sistema combinado elétrico/diesel pode impulsionar os navios a uma velocidade máxima de 18 nós com um alcance de 8.000 milhas (13.000 km).

O convés de voo da popa tem dois pontos de pouso e decolagem para helicópteros do tamanho de um Chinook, embora não tenha hangar ou facilidades de aviação. 

Abaixo do convoo, na popa, encontram-se a doca e o convés de veículos. 

Este último tem capacidade para trinta e um caminhões grandes e trinta e seis veículos menores, ou seis carros de combate pesados e trinta veículos blindados de transporte de pessoal.

A doca pode receber e operar quatro Landing Craft Utility MK10, cada um com dimensão suficiente para transportar veículos até ao tamanho de um carro de combate. 

Quatro LCVP MK5 menores, que podem transportar trinta e cinco homens ou dois caminhões leves, são afixados externamente em turcos, dois de cada lado da superestrutura do navio (similiar ao que existe no NAM Atlântico). 

Cada navio transporta também um veículo de recuperação de praia com lagartas de cinquenta e duas toneladas para ajudar na recuperação de embarcações de desembarque, bem como dois tratores: um que lança uma via de acesso através de uma praia de desembarque, e o segundo equipado com um bucket de escavação e braços articulados multi-ferramentas.