A Cruzex 2024 começou oficialmente no último domingo, mas na segunda feira um dos pontos altos do exercício foi a realização de um Media Flight, sessão aérea de fotografias e vídeos reunindo um exemplar de cada aeronave participante.
No KC-390 Millennium, voado por Infodefensa, a formação constou de um caça Gripen E estreando em exercícios operacionais e na CRUZEX, assim como o F-15C Eagle da USAF/ANG.
Na ala direita, voou um F-16 Block 50 do Chile.
Os caças de alta performance em formação: imagem tomada da rampa aberta do KC-390! Firma: Roberto Caiafa
Mais atrás, voou nessa formação o trio AF-1 Falcão (A-4 Skyhawk), Embraer A-1M AMX e Northrop F-5EM Tiger II.
Enquanto isso, e ao mesmo tempo, um C-105 Amazonas brasileiro serviu como base para para que um segundo time da imprensa pudesse fotografar os turboprops A-29 Super Tucano do Brasil, KT-P1 do Peru, T-27 Tucano do Paraguai (outro estreante em CRUZEX) e o jato IA-63 Pampa da Argentina.
Enquanto as aeronaves de maior performance executaram missões COMAO (combined air operations) e SAR de Combate, os turboélices e o Pampa executaram missões de apoio aéreo aproximado (ataque ao solo), reconhecimento e contra insurgência (COIN).
Dois estreantes na CRUZEX, o "novinho" Gripen E, e o veterano F-15C Eagle. Firma: Roberto Caiafa
No tatal, foram 3 horas e meia de voo no media flight, com direito a passagem baixa em formação de todas as aeronaves envolvidas sobre a pista da Base Aérea de Natal, quase ao cair da tarde, encerrando o voo com zero incidentes e centenas de fotos realizadas.
O Exercício nos dois primeiros dias
A Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou no último domingo, as atividades do Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX) 2024, na Base Aérea de Natal (BANT).
A abertura começou com o briefing inicial, no qual o Diretor de Instrução, brigadeiro Ricardo Guerra Rezende, apresentou um panorama das diretrizes e diretrizes a serem seguidas.
O Gripen voou armado com mísseis MBDA Meteor e Diehl Iris-T, um claro recado de suas capacidades ar-ar. Firma: Roberto Caiafa
Com uma combinação de habilidade operacional e coordenação entre várias unidades militares, esse treinamento extensivo envolve 16 países, mais de 3.000 militares e aproximadamente 100 aeronaves, com o objetivo de atualização de técnica conjunta e treinamento técnico entre as Forças Armadas por meio da cooperação operacional e do desenvolvimento de habilidades.
A CRUZEX 2024, organizada pelo Comando de Preparação (COMPREP), busca avançar a maturidade doutrinária e identificar áreas de melhoria no treinamento de Unidades Aéreas (UAe) e Unidades Aeronáuticas (UAer).
Durante o Exercício, os participantes envolveram-se em cenários hipotéticos de Guerra Regular, Regional e Limitada, com foco em operações da força aérea.
Integração regional no continente sulamericano fica evidente nessa imagem de várias nacionalidades operando juntas em Natal. Firma: FAB
Segundo o brigadeiro Pedro Luís Farcic, Comandante de Preparação, a CRUZEX é um exercício vital para a FAB, principalmente com a introdução de novas aeronaves e tecnologias. “Este exercício oferece uma oportunidade de estreitar laços com as nações aliadas participantes e colaborar no treinamento de outros países. O planejamento logístico por si só serviu como um exercício de treinamento para nós, pois enfrentamos o desafio de unir diferentes esquadrões e equipes ao longo do tempo na Base Aérea de Natal. Envolvemos todos os órgãos diretores setoriais necessários para garantir uma execução tranquila da CRUZEX, desde o envio de aeronaves e equipamentos até o completo de suporte às necessidades de nossos participantes. Sem dúvida, tiraremos muitas lições deste processo”, afirmou o General.
Operando juntos, os KC-390 do Brasil e de Portugal! Firma: FAB
Compreendendo a guerra regular, regional e limitada
Guerra regular, ou guerra convencional, é descrita por confrontos diretos entre as forças militares convencionais de dois ou mais estados, especialmente envolvendo exércitos formalmente organizados e divisões claras. É o tipo de conflito mais provável em disputas territoriais ou políticas entre nações com forças armadas tradicionais.
Guerra regional refere-se a disputas que, embora possam ter implicações internacionais, estão confinadas a uma região ou área geográfica específica.
Guerra limitada descreve conflitos onde o uso de força militar é intencionalmente restrito, com limites claramente definidos pelas partes envolvidas.
Tais conflitos são geralmente mais focados, abrangendo instruções específicas, operações militares localizadas ou ataques de precisão usando munições inteligentes.
Os grandões C-30 da FAB, C-17 Globemaster III da USAF, e o Boeing 767 da Colômbia.
Visão geral da CRUZEX 2024
O exercício é composto por três fases: a primeira, designada FAM (Familiarização), inclui voos de familiarização para auxiliar as tripulações na adaptação à Área de Operações; em segundo lugar, o FIT (Treinamento de Integração de Forças), promove a integração entre os diversos participantes das Forças Aéreas; A fase final contará com voos em cenários pré-planejados com múltiplas aeronaves, conhecidas como Operações Aéreas Compostas (COMAO).
Dirigido pelo brigadeiro Ricardo Guerra Rezende, Comandante da BANT, o CRUZEX 2024 tem como objetivo atualizar táticas, técnicas e procedimentos em operações aéreas compostas, apresentando as Forças Armadas para cenários de guerra convencionais e desafios complexos. “Ressalto também a importância do exercício para contribuir com a ordem e a paz global, bem como para manter a soberania e a integridade territorial do Brasil”, enfatizou.
O brigadeiro Ricardo Guerra Rezende, Comandante da BANT e diretor geral do Exercício Cruzex. Firma: Roberto Caiafa
Com forte foco em defesa cibernética, defesa aérea e controle de satélites, a CRUZEX 2024 será um marco na preparação e integração das Forças Armadas do Brasil e aliados seus, aprimorando as capacidades operacionais e promovendo a cooperação internacional essencial em tempos de crise e operações militares complexo.
Inovações notáveis para 2024
Uma característica fundamental do exercício deste ano é a introdução do Cruzex Cyber, uma simulação cibernética projetada para aprimorar a segurança de sistemas críticos que dão suporte a operações aeroespaciais.
Essa pode ter sido a última CRUZEX do F-5EM/FM, e certamente, é a última participação dos A-1 AMX, que param de voar no final de 2025. Firma: Roberto Caiafa
Esta simulação usa um modelo Capture The Flag (CTF), onde as forças participantes serão carregadas de proteção e ataque a sistemas virtuais.
Esta abordagem destaca a crescente importância da guerra cibernética no cenário militar moderno, equipando as Forças Armadas para enfrentar ameaças emergentes neste domínio.
Junto com essas inovações cibernéticas, a FAB emprega uma frota diversificada de aeronaves, incluindo o KC-390 Millennium e o F-39 Gripen — participando pela primeira vez de um exercício militar — bem como o F5EM, A-1AM, A-29B, aeronaves de transporte C-99, C-105/SC-105 Amazonas, aeronaves de reconhecimento R-99 e E-99, e helicópteros H-36 Caracal.
A-29 ST, KT-P1, T-27 Tucano e IA-63 Pampa em formação. Firma: FAB
A Marinha do Brasil também participa com caças caça A-4 (AF-1).
O brigadeiro Rezende comentou sobre a relevância dessas inovações para o fortalecimento das capacidades das Forças Armadas Brasileiras e seus aliados, bem como para fomentar a cooperação internacional em tempos incertos. “A introdução do domínio cibernético e a diversidade de aeronaves aumenta nossas capacidades e garante que estejamos preparados para os desafios atuais e futuros”, concluiu.
Participação Internacional
A CRUZEX 2024 conta com o envolvimento de várias nações parceiras, incluindo Estados Unidos, Argentina e Chile, que enviaram aeronaves de combate e reabastecimento, como F-15, KC-130, Pampa e F-16.
Essa colaboração internacional ressalta a importância da cooperação militar em um ambiente de ameaças cada vez mais complexo.
IA-63 Pampa da FAA retorna de uma missão durante a CRUZEX 2024. Firma: FAB
O brigadeiro Nelson Pardo Ocaranza, Comandante do Grupo da Força Aérea Chilena que participa da CRUZEX 2024, destacou a importância do exercício e dos desafios que ele apresenta para sua Força. “Dada a escalada da estrutura e dos recursos investidos na CRUZEX, este exercício permite que a Força Aérea Chilena fortaleça a interoperabilidade com as outras forças aéreas participantes. Ele aprimora nossa prontidão operacional ao mesmo tempo em que enriquece a troca de conhecimento e experiências na utilização do poder aéreo em um ambiente multidomínio, tudo dentro das metodologias de planejamento da OTAN. Sem dúvida, a CRUZEX é uma oportunidade que reforça os laços entre as forças participantes, validando a importância de criar espaços operacionais para um propósito comum”, afirmou.
F-16D Block 50 da FACh durante o Media Flight. Firma: Roberto Caiafa