A Marinha do Brasil (MB) e a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis realizaram na última sexta-feira (09/08) a Cerimônia de Lançamento da primeira das quatro fragatas previstas no Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT), na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul (tkEBS), em Itajaí, Santa Catarina.
No seu discurso, o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen fez críticas a complacência da sociedade brasileira com as questões relativas a Defesa do Mar, e usou o termo "Visão Geo-Política Míope" ao lembrar as autoridades presentes, incluindo o presidente, que mais de 90% do comércio do País depende de linhas marítimas e portos funcionando. Sem isso, qualquer País é "inviável", afirmou o comandante.
Olsen tem feito constantes alertas, em suas falas públicas, sobre a deterioração da capacidade operacional da Marinha, do envelhecimento acentuado de vários meios importantes e da diminuição perigosa no número de Escoltas, as conhecidas "fragatas", navios multimissão capazes de combater ameaças de superfície, submarinos e ameaças aéreas, provendo proteção para outros navios integrando uma força naval e para si mesmo.
Autoridades da Marinha, pessoal do Estaleiro e das empresas do consórcio e políticos posam para a foto oficial do batismo da F200 Tamandaré. Firma: MB
O presidente Luis Inácio da Silva destacou em seu discurso a importância da indústria naval e sua capacidade de gerar empregos e riqueza para o País, e concluiu, falando de improviso, que a Marinha do Brasil terá quantas fragatas classe Tamandaré forem necessárias para a Soberania e Defesa do Brasil.
Essa fala presidencial está diretamente relacionada com um post da Marinha em sua conta do X, feito algumas horas antes da cerimônia, questionando a produção de mais quatro navios, que seriam numerados F204, F205, F206 e F207, totalizando oito navios.
Se foi uma mensagem, foi bem direta, a julgar pelo posicionamento do almirante Olsen em seu discurso, mas a fala de improviso do presidente Luis Inácio sinaliza que a contratação de um segundo lote com mais quatro fragatas deverá acontecer, totalizando oito navios novos, modernos e bem armados.
O post da Marinha no "X", mostrando as próximas quatro fragatas e suas matrículas. Firma: MB
F200 Tamandaré
A F200 teve seu primeiro corte de chapa em setembro de 2022, e a expectativa é de que o navio seja incorporado à Marinha do Brasil em 2025.
Nos modernos projetos de construção naval, como o adotado no PFCT, o navio é lançado ao mar por uma operação chamada “load out”, que consiste na movimentação da embarcação para um dique flutuante, e em seguida é realizada a imersão controlada dessa plataforma, até o navio atingir a sua própria sustentação na água.
Trata-se de um procedimento complexo, que ocorrerá nos próximos dias.
Após essa etapa, a fragata será transferida para o cais até a conclusão dos acabamentos e testes necessários para, então, seguir para a prova de mar.
O desenho em x do casco, de formas limpas, diminui a assinatura eletromagnética do navio. Firma: MB
A tripulação da Fragata “Tamandaré” será composta por cerca de 130 militares, que já estão em treinamento especializado, para que todos estejam prontos para operar a embarcação com segurança e eficiência.
A F200, dá nome à classe: “Tamandaré”, uma homenagem ao Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, Patrono da MB que defendeu a nação em diferentes e importantes conflitos, dentre eles a Guerra da Cisplatina e a Guerra da Tríplice Aliança.
Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT)
O PFCT é uma parceria entre a Marinha do Brasil e a SPE Águas Azuis, formada pela thyssenkrup Marine Systems, Embraer Defesa e Segurança e Atech, e gerenciado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON).
A assinatura do contrato foi realizada em março de 2020.
É um marco na modernização da Esquadra, resultado de uma necessidade de renovação dos meios navais.
A Fragata “Tamandaré” (F200) foi batizada pela Senhora Vera Brennand, esposa do Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Firma: MB
Estão sendo construídos no País quatro navios de alta complexidade tecnológica, com considerável capacidade de combate, capazes de operar em todos os ambientes de guerra: superfície, aéreo e submarino.
Com a missão de fortalecer a nossa capacidade de defesa, monitoramento e proteção da Amazônia Azul, que possui 5,7 mil km2, as fragatas serão indispensáveis para o Controle de Área Marítima, para a Defesa das nossas Ilhas Oceânicas, para a Proteção das Infraestruturas Críticas Marítimas e para a Proteção das Linhas de Comunicações Marítimas, considerando que mais de 90% do nosso comércio exterior é realizado pelo mar.
Cabe também ressaltar o apoio à Política Externa, de forma compatível com a inserção do Brasil no cenário internacional.
As projeções do programa apontam a mobilização de 2.000 profissionais envolvidos diretamente nas obras, com um reflexo de cerca de 6.000 postos de trabalho indiretos e um arraste de cerca de 15.000 empregos induzidos, quando acrescentadas as atividades que gravitam no entorno tais como hotéis, restaurantes, transporte, totalizando 23.000 empregos gerados.
A classe Tamandaré será armada com mísseis anti-superfície, mísseis superfície-ar, torpedos em dois reparos triplos, um canhão de fogo rápido de 76mm na proa e armas menores para defesa assimétrica, além de um helicóptero de porte médio e um drone classe dois. Firma: MB
As Fragatas são dotadas de convoo, hangar para helicóptero, radares, sensores e armamentos de última geração.
Construídas com altos índices de conteúdo local e transferência de tecnologia, que incrementam a construção naval nacional e fomentam a Base Industrial de Defesa (BID).
Informações técnicas da Fragata Tamandaré:
Firma: MB