A visita a Linha de Produção do Gripen E em Gavião Peixoto, e ao hangar do Gripen Flight Test Center, que fica ao lado, foi apenas uma parte das atividades dentro do Ecossistema Gripen criado pela Saab do Brasil nas instalações da Embraer em Gavião Peixoto (SP).
O Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN) recebeu a reportagem de Infodefensa com uma explanação do sueco Häns Sjöblom, Gerente de Site e Desenvolvimento da Saab em Gavião Peixoto, que explicou as diferentes áreas da instalação, que é de segurança máxima e de alta tecnologia.
Häns Sjöblom, Gerente de Site e Desenvolvimento da Saab em Gavião Peixoto, explica como funciona a planta do GDDN. Firma: Saab
O GDDN foi criado para ser o hub de desenvolvimento do Gripen E/F no Brasil, mantendo-se permanente conectado, de forma segura, com a Embraer e a unidade da Saab em Linkoping na Suécia, garantindo o compartilhamento criptografado dos dados e informações obtidos durante todas as atividades que envolvem o Gripen Brasileiro.
Engenheiros brasileiros e suecos trabalham juntos no GDDN em diversas áreas, incluindo engenharia aeronáutica, projeto de aeroestruturas, desenvolvimento de aviônica, simuladores, sistemas, integração de armas as aeronaves, interface homem/máquina (cockpit) e ensaios em voo.
A sala de controle do S-Rig testa aviônicos, o instrumental e novas capacidades desenvolvidas para a aeronave. Firma: Saab
O local também abriga os sofisticados simuladores de alta definição, essenciais para o desenvolvimento do caça, e a integração de novos recursos criados pelos engenheiros brasileiros a partir do acúmulo de experiência e ampliação da capacidade criativa da mão de obra altamente especializada que atua no GDDN.
O GDDN agrega em suas salas de trabalho competências em aviônica, integração de armas, sistema de suporte à missão, sistema de identificação, dados de voo e navegação, links de comunicação e dados, sistemas de controle ambiental, treinador de missão, sistema de alerta a laser (LWS), vulnerabilidade da aeronave, simulador e plataforma, estrutura do avião de dois lugares Gripen F, monitoramento funcional (telemetria), cockpit e interação homem-máquina (HMI), engenharia ambiental, sistemas de escape e oxigênio, seção transversal de radar e engenharia aeronáutica.
Infodefensa "voa" o simulador de domo 180º do Gripen E, cópia fiel da aeronave (hardware e software), monitorado a partir da sala de controle S-RIG em tempo real. Firma: Saab
O Gripen Flight Test Center é a parte operacional, sendo responsável por todos os voos de testes da campanha de ensaios, empregando para esse fim a aeronave matrícula FAB 4100, que durante a visita estava passando por manutenção após um ciclo de 200 horas de voo.
Equipado com mais de 400 sensores e diversas antenas receptoras/retransmissoras em tempo real, esse exemplar do caça transmite/repassa os dados para uma complexa estação de telemetria em solo (que pode ser fixa ou móvel), permitindo aos técnicos e engenheiros do GDDN analisarem cada detalhe das informações colhidas de forma rápida e precisa, tanto no Brasil quanto na Suécia.
O Gripen E FAB 4100, bancada de testes voadora do programa, passando por manutenção no hangar do Gripen Flight Test Center em Gavião Peixoto. Firma: Saab
Este complexo dentro da Embraer, que inclui o GDDN, o GFTC e a Linha de Produção/Montagem de Gavião Peixoto desempenham um papel crítico no suporte as operações atuais do Gripen Brasileiro, e no apoio ao ciclo de vida do avião no Brasil, fornecendo atualizações contínuas que manterão o jato capaz de cumprir suas missões empregando novas armas, sensores e atualizações no cockpit e subsistemas.
Este é um salto quântico para o Brasil em termos de dominar as tecnologias necessárias para projetar, construir e manter aeronaves de combate supersônicas, tanto para emprego atual e futuro na Força Aérea Brasileira, quanto em eventuais contratos de exportação para países amigos na América Latina.
A imponente estrutura do GDDN em Gavião Peixoto. Firma: Saab
Atualizações
O Gripen Flight Test Center deverá empreender duas campanhas de ensaios em 2025 que serão decisivas para que a aeronave alcance o status de Initial Operational Capabilities ou IOC.
Uma delas é relativa ao disparo dos armamentos ar-ar (mísseis Iris-T e Meteor-armamento real derrubando alvos aéros) , em uma primeira etapa, e ar-solo posteriormente.
A campanha de ensaios de armamento deverá realizar disparos de mísseis Iris-T como o desta imagem. Firma: Saab
A segunda campanha versa sobre os testes de reabastecimento em voo, comprovando a compatibilidade do avião de caça com o sistema probe and drogue do KC-390 Millennium empregado pela Força Aérea Brasileira.
A foto que mostra técnicos da Saab/Embraer trabalhando na fuselagm do 2º Gripen E fabricado no Brasil, exatamente na abertura para a sonda de reabastecimento em voo, no lado esquerda da aeronave, na altura da entrada de ar, parte superior, acaba de vez com especulações sobre a capacidade das aeronaves do traço E/F serem reabastecidas em voo.
A tampa retrátil da sonda de reabastecimento em voo do Gripen E fica claramente visível nesta imagem, do lado esquerdo da fuselagem do caça, na parte superior da entrada de ar. Firma: Saab