Projetado para ser uma estrutura única no mundo, o Complexo Orion, laboratório de biossegurança máxima (NB4), promete alavancar a ciência brasileira. O complexo deverá ser construído no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP). O super laboratório NB4 terá uma característica que nenhum outro em atividade possui, pois sua estrutura estará conectada a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius, acelerador de partículas brasileiro, que fica ao lado do Complexo Orion.
O complexo laboratorial de máxima contenção biológica representa um avanço para o Brasil, que permitirá pesquisas com patógenos capazes de causar doenças graves e com alto grau de transmissibilidade (das chamadas classes 3 e 4) - estrutura essa que não existe até hoje em toda a América Latina.
O complexo laboratorial terá cerca de 20 mil metros quadrados, e sua construção está prevista para ficar pronta até 2026. Após essa etapa, o Orion passará pelo chamado comissionamento técnico e científico, e também por certificações internacionais de segurança, para que possa entrar em operação regular.
Nova Indústria Brasil
O Nova Indústria Brasil, plano setorial do Estado Brasileiro para os próximos anos, na denominada Área Seis, dedicada a Defesa do País, não só reconfirmou os principais Programas Estratégicos de Terra, Mar e Ar em seu texto, como ressaltou a enfase brasileira em energia nuclear, sistemas de comunicação e sensoriamento (satélites), sistemas de propulsão (emprego militar e no programa espacial brasileiro), e veículos autônomos e remotamente tripulados, para terra (UGV), mar (USV) e ar (UAV/SARP/UCAV).
O desenvolvimento nacional nestes nichos tecnológicos deverá contribuir para a meta de médio prazo, obter até 50% de autonomia em tecnologias críticas para a Defesa do Brasil até o ano de 2033.
Os Programas Estratégicos das Forças estão prestigiados, a começar pelo Programa Nuclear da Marinha do Brasil e o PROSUB, ou Programa de Submarinos, que tem como entrega principal um submarino de propulsão nuclear armado convencionalmente com torpedos, mísseis antisuperfície e (futuramente) mísseis de cruzeiro. O mesmo sistema de armas utilizado nos quatro submarinos diesel-elétricos classe Riachuelo (dois entregues e dois em finalização).
O SISGAAZ, um intricado e complexo sistema de sensores e capacidades navais a serem instaladas no litoral e mar territorial brasileiro já começou a ser construído, através do lote piloto denominado SISGAAZ Rio licitado recentemente. O PRONAPA finalmente decola para a finalização de um patrulha e a construção de outros 10 navios, sendo que três serão modificados no projeto e construção para atuarem como caça minas/varredores, aposentando os obsoletos classe Aratu.
No Exército Brasileiro, a Defesa Cibernética, tanto das estruturas militares como do Estado, estão na lista que incluem também o SISFRON, homólogo do SISGAAZ para as fronteiras terrestres, o Forças Blindadas, que deverá receber brevemente seus dois primeiros caça tanques 8x8 Centauro 2 (previstos 98), e o PEE Astros, que em 2024 deverá alocar recursos a Avibras Aeroespacial e Defesa para completar o desenvolvimento do míssil de cruzeiro AV-MTC e preparar os meios para a sua produção seriada (e dos equipamentos acessórios), colocando esse sistema de armas na vanguarda tecnológica da América Latina.
Quanto aos programas da Força Aérea Brasileira, lá estão o PESE (Programa Estratégico de Sistemas Espaciais), que reponde pelos nichos estratégicos de comunicações, sensoriamento e propulsão, o SISDABRA, uma evolução natural do sistema brasileiro, de caráter dual, com a chegada de novos vetores e capacidades agregadas, e a atualização contínua da parte civil e seus sistemas dedicados de navegação, comunicações e instalações aeroportuárias. Fechando a lista, os novos vetores Embraer KC-390 Millennium e SAAB F.39 Gripen continuam seu ritmo de entregas, com a previsão de que o primeiro jato de combate biplace seja apresentado ao final do ano na Suécia, enquanto no Brasil alguns dos caças já entregues deverão participar de mais uma edição do Exércicio Internacional CRUZEX 2024 (previsto para novembro).
O Ministério da Defesa é responsavel pelos programas de helicópteros HX-BR e TH-X, pelo Pró-Defesa, voltado para P&D Científivca e Tecnológica em Defesa, e o Programa Estratégico de Comando e Controle de Defesa, que inclui, dentre outros produtos estratégicos, o RDS-Defesa, rádio definido por software responsável por integrar ainda mais as forças de terra, do ar e do mar.
Subvenção Estatal
O sistema radar M200 Multimissão, em desenvolvimento pela Embraer, Sistemas Hipersônicos e a fabricação de Combustível Nuclear, estão entre os desenvolvimentos subvencionados pelo Estado Brasileiro.
O M200 Multimissão é um radar transportável de média altitude capaz de realizar operações de vigilância, busca e orientação de alvos, com a capacidade de rastrear vários alvos aéreos simultâneos que voam a distâncias de até 200 quilômetros, em altitudes de até 20 quilômetros.
O foguete de decolagem, por sua vez, é uma tecnologia vital para o desenvolvimento de veículos hipersônicos, ou seja, capazes de atingir qualquer velocidade acima de Mach 1 (1.235 km/h) até Mach 5 (6.175 km/h).
O documento também menciona subsídios financeiros para a produção de hexafluoreto de urânio, combustível para reatores nucleares em usinas como Angra 1, 2 e 3, ou para reatores embarcados usados como sistema de propulsão para submarinos.
Para esses projetos, serão destinados 400 milhões de reais do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), entre este ano e 2026.
O radar Embraer M200 Multimissão, a produção de combustível nuclear e sistemas hipersônicos: tecnologias brasileiras terão 400 milhões de reais em investimentos até 2026.