A Força Aérea Brasileira anunciou a compra de 120 kits de transformação de bombas GP (general purpose) do tipo MK.82, em armas guiadas de precisão do tipo Lizard (lagarto), a um custo total de R$ 5,429,542.60, em valores de meados de 2013, de acordo com o documento Ação 14TH.
O sistema de armas Whizzard, do qual a Lizard faz parte, é uma família de kits de orientação modulares que convertem bombas de propósito gerais em armas guiadas de precisão capazes de destruir uma ampla gama de alvos, tais como veículos blindados, navios, usinas de energia, infra-estruturas e radares.
Totalmente compatíveis com o equipamento padrão e códigos de designação laser da OTAN/NATO, proporcionam maior precisão no impacto, sendo adequadas para operações diurnas e noturnas. A Força Aérea de Israel é o maior operador deste tipo de bomba inteligente e toda a família de munições foi desenvolvida para atender as suas exigências.
O modelo Lizard adquirido pela Força Aérea Brasileira conta com um kit de orientação de laser semi-ativo dotado de precisão que garante a eliminação do alvo com o dispêndio de menos munições e aeronaves. Projetado para operar de forma flexível, é possível mudar a cabeça de guiamento da arma do tipo laser para o do tipo infravermelho (IIR), transformando uma bomba Lizard em Opher. O Kit Lizard foi vendido para a Força Aérea Italiana, onde é usada no avião de ataque AMX, apresentando excelente desempenho operacional em conjunto com as bombas do tipo Opher, já empregadas em combate no Afeganistão com grande sucesso.
E as armas guiadas fabricadas no Brasil?
As bombas Lizard oferecem grande precisão mas estão limitadas pela alcance dos designadores laser, expondo as aeronaves lançadoras as defesas inimigas, sendo ideais na eliminação de alvos pouco defendidos e onde seja necessário atacar com baixa probabilidade de danos colaterais.
As bombas SMKB, desenvolvidas pela Mectron e testadas nos jatos AMX A-1, encontram-se com seu desenvolvimento quase concluído e apresentam, no geral, um desempenho similar ao armamento israelense, faltando somente a colocação de encomendas por parte do Governo Brasileiro. Já o kit de planeio FGP-82, da Friulli, que transforma bombas Mk.82 GP de emprego geral em armas stand-off com alcance entre 70 a 80 km, dependendo da velocidade e altitude de lançamento, não receberam encomendas destinadas a Força Aérea Brasileira. Trata-se de uma arma de custo significativamente mais alto.
A atual crise orçamentária e os cortes no Ministério da Defesa só complicaram mais um pouco a situação. Nesse momento, a compra desses kits Lizard, amplamente testados e conhecidos no uso com a aeronave AMX, representa um claro sinal de pragmatismo no planejamento de aquisição de armamentos para os A-1 AMX modernizados para a traço M. A vez do armamento nacional vai chegar.
O programa A-1M, que previa inicialmente a modernização de 43 células, teria sido reduzido, segundo fontes na FAB, a cerca de 30 exemplares, em um primeiro momento, e mesmo cancelado, segundo alguns observadores.
A compra desse pacote de armas pode significar que o programa de modernização dos A-1 para A-1M ganhou um novo impulso. Deve-se ressaltar que tanto os AMX do modelo A-1A/A-1B, mais antigos, quantos os “novos” A-1M são capazes de carregar e lançar esse tipo de bomba guiada, o que muda é o perfil de emprego em cada versão e a quantidade de aeronaves usadas por missão.
Imagens: AEL Sistemas e Força Aérea Brasileira