Militares qualificados e Técnicos civis do Centro de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) do Ministério da Aeronáutica iniciaram, na última quinta-feira (02/01), a análise das caixas-pretas (gravadores dos dados de voo e voz) do avião Embraer190 (matrícula 4k-AZ65) que explodiu ao tocar o solo em emergência no dia de Natal de 2024, na cidade de Aktau, no Cazaquistão (Voo 8243).
O impacto da aeronave com o solo e a ruptura da fuselagem em duas partes causou a morte de pelo menos 38 pessoas, incluindo cinco tripulantes. Haviam 67 pessoas a bordo.
A caixa preta, na verdade, é pintada de laranja. Firma: FAB
A aeronave, de fabricação brasileira, operada pela Azerbaijan Airlines, decolou de Baku, no Azerbaijão, e tinha como destino a cidade de Grozny, na Rússia.
Segundo o que foi divulgado por agências de notícias internacionais, a aeronave, no percurso, acabou desviando da rota original até cair do lado oposto ao Mar Cáspio, em Aktau.
Há evidências robustas, por simples observação visual dos destroços, que o jato foi atingido pelas defesas antiaéreas russas que tentavam abater vagas de drones ucranianos que atacavam Grozny.
Pelos depoimentos dos sobreviventes, incluindo membros da tripulação, o avião teria sido atingido não por um, mas três mísseis superfície-ar, ferindo com gravidade alguns passageiros e danificando pesadamente as superfícies aerodinâmicas de controle da aeronave.
Para completar o absurdo da situação, o avião teve seu pouso de emergência negado em aeroportos próximos, sob controle da Federação Russa, recebendo instruções de terra para cruzar o Mar Cáspio e tentar pousar no aeroporto de Aktau, o que infelizmente não aconteceu.
No hemisfério sul, somente Brasil e Austrália possuem laboratórios qualificados para realizarem a leitura de dados desses equipamentos. Firma: FAB
Gravadores de Dados
As caixas-pretas, que na verdade são pintadas na cor laranja, trazem gravações de dados e das comunicações de voz durante o voo e são consideradas fundamentais para identificar quais foram as causas do acidente.
A Aeronáutica brasileira informou, em nota à imprensa, que a “extração, aquisição e validação dos dados contidos nos gravadores de voo ocorrerão no menor prazo possível”.
Os trabalhos são realizados no laboratório de leitura e análise de dados de gravadores de voo do Cenipa.
Técnico do Cenipa trabalha na extração de dados de um gravador de dados de voo. Firma: FAB
Trabalho Conjunto
A Força Aérea Brasileira informou que os trabalhos serão acompanhados por três investigadores do Cazaquistão, além de técnicos convidados por aquele país, sendo três do Azerbaijão e três da Rússia.
A instituição ainda acrescentou que as conclusões em publicadas no relatório final dessa investigação aeronáutica são “de exclusiva responsabilidade da Autoridade de Investigação do Cazaquistão”.
Abertura dos trabalhos com a presença de todos os países envolvidos na investigação. Firma: FAB
Por isso, o trabalho é realizado em conjunto com a entidade que investiga acidentes naquele país, que é vinculada ao ministério dos transportes.
Nesta semana, também, o Cenipa defendeu que as ações de investigação pelo órgão brasileiro são referência internacional. “O domínio de tecnologias de animação em realidade virtual em três dimensões (3D), com visualização completa do voo, permite aos investigadores compreender com maior acuracidade vários parâmetros como a trajetória da aeronave, velocidade, altitude, funcionamento de sistemas e da atuação dos comandos de voo”, explicou a Aeronáutica.
A tecnologia de animação em realidade virtual em três dimensões (3D) permite recriar com precisão todas as etapas do voo, de acordo com os dados gravados. Firma: FAB