O ano de 2025 começou intenso para a Comissão do Exército Brasileiro em Washington DC.
No website da organização militar, que fica permanentemente baseada na capital norte-americana, é possível vislumbrar quase 40 request for information (RFI) publicados somente no mês de janeiro corrente, e destinados a empresas que atuam no setor de defesa norte-americano, incluindo várias estrangeiras.
Uma extensa lista de requisições determina a cotação, no mercado internacional (leia-se nos Estados Unidos), de ítens como pistolas, um armamento individual, mísseis anticarro, um armamento coletivo, granadas de artilharia de 105mm e 155mm, munições para carros de combate de 120mm e 105mm, spare parts para veículos blindados de origem norte-americana (M-109, M-113, M-60 e M-992), granadas de morteiro, spare parts para o sistema ASTROS (plataformas automotivas Mercedes Benz e TATRA).
Também estão na lista radares tridimensionais para detecção de alvos aéreos a baixa altura, mísseis terra-ar RBS 70 de reposição (BOLIDE) e munições de 84mm Carl Gustaf (SAAB), pontes para suporte logístico e veículos especiais de engenharia.
Destaque para os RFI referentes a robôs de campo para ações de contra terrorismo, detectores de metal, equipamentos de desminagem, tecnologias especiais para contra-terrorismo como trajes anti-bomba, equipamentos de segurança para manuseio de explosivos militares, equipamentos de detecção e identificação de agentes CBRN (quimico, bacteriológico, radiológico e nuclear).
Também entram na lista acessórios para o sistema de pontes modulares RBS, suprimentos para comunicações satelitais, fuzis especiais SNIPER e seus acessórios, capacetes e coletes com proteção balística nível III, munições para armas curtas e longas, metralhadoras pesadas e fuzis antimaterial, etc.
CEBW - Histórico
O Exército Brasileiro adquire, há décadas, uma grande quantidade de ítens fundamentais de seu inventário através da CEBW, o que leva a pergunta: Quando e Como esse "costume" começou?
A Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW) é responsável por realizar as aquisições internacionais da Força Terrestre desde o advento da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945).
Na atualidade, essa Organização Militar baseada fora do País é constituída por uma estrutura enxuta, tanto em termos de recursos humanos, como de materiais e instalações.
A CEBW realiza boa parte de suas atividades acessórias contratando empresas especializadas no mercado norte-americano, possibilitando que a Comissão consiga superar o hiato existente entre o volume de importantes missões desempenhadas e a sua estrutura.
E como mostram os RFI (somente os de 2025 até agora publicados), o volume de trabalho (material de defesa a ser enviado para o Brasil) é muito grande, e tem fluxo constante.
Tanto isso é verdade que a CEBW opera um depósito seguro exclusivo, em solo americano, sob a responsabilidade da Seção de Transporte Internacional (STI).
Esse depósito recebe, armazena temporariamente e posteriormente envia para o Brasil produtos de defesa adquiridos pelo Exército Brasileiro no exterior.
Criada em 2013, a Seção funciona como um importante ponto intermediário na logística internacional da instituição e gera, anualmente, uma economia de centenas de milhares de dólares.
Resumindo, a CEBW é responsável por várias contratações derivadas dos Projetos Estratégicos do Exército, bem como participa ativamente das aquisições de material bélico significante para o poder militar brasileiro.
Sua importância está no mesmo nível de outros órgãos específicos da estrutura do Comando de Logística (COLOG), como o Centro de Obtenções do Exército (COEx), vinculado ao COLOG, ou, por exemplo, o Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CComGEx), órgãos que conduzem processos complexos de aquisição, que muitas vezes se iniciam ainda na fase de desenvolvimento dos produtos.
Portanto, no âmbito da Força Terrestre, os órgãos componentes do sistema logístico realizam, de maneira centralizada, a aquisição e distribuição dos materiais de emprego militar relacionados às funções de combate, enquanto as próprias unidades gestoras realizam a aquisição descentralizada dos insumos de subsistência e aqueles de emprego específico em suas áreas de atuação, como gêneros de alimentação, materiais de informática e expediente, medicamentos, autopeças e insumos da construção civil, entre outros (vida vegetativa).
Importante frisar que, tanto nas aquisições centralizadas quanto nas compras singulares, o órgão ou a unidade adquirente necessita seguir os procedimentos formais de seleção dos fornecedores descritos na Lei nº 14.133/2021, que regulamenta a aquisição de bens e serviços na Administração Pública brasileira, assegurando transparência, eficiência e legalidade.