Ministro da Defesa admite questão ideológica no atraso do ATMOS
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Ministro da Defesa admite questão ideológica no atraso do ATMOS

Além disso, o sistema judiciário dos EUA está investigando a gigante sul-americana pela compra de caças Gripen e a L3 Harris está encerrando sua parceria com a Embraer
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O ministro da Defesa e o Gripen E/F na berlinda. Fotomontagem: Roberto Caiafa
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Durante uma fala pública, transmitida pela internet no dia oito de outubro, o ministro da Defesa do Brasil, José Múcio Monteiro, ao falar sobre os atrasos verificados na licitação para aquisição dos obuseiros de 155mm sobre rodas pelo Exército Brasileiro, usou a expressão "Quem venceu (a licitação) foi o judeu, o povo de Israel" e acrescentou que, por questões ideológicas, esse contrato ainda não havia sido assinado devido a pressões políticas emanadas de Brasília. 

Escolhida para entregar até 36 exemplares desse sistema de armas inédito no Brasil, a Elbit Systems repetiria o modelo de testes e avaliações ora em curso com dois blindados sobre rodas 8x8 Centauro 2 recentemente testados no Centro de Avaliações do Exército (RJ) e depois despachados para a região sul do País, para o Centro de Instrução de Blindados (RS).

Mucio antisemita falaFlagrante da fala do ministro da Defesa na internet. Firma: Agência Brasil

A vitória do obuseiro sobre rodas ATMOS foi anunciada oficialmente no dia 29 de abril, e após seis meses, o contrato de aquisição, que prevê o recebimento de dois exemplares do sistema para serem avaliados no País, teoricamente ainda dispoê de outros seis meses para ser efetivado, possibilitando posteriormente a produção e entrega LRP de mais 34 obuseiros ao longo de alguns anos.

Ao mesmo tempo que o Tribunal de Contas da União deu parecer favorável a aquisição do sistema, impedindo a eliminação da empresa israelense e bipassando a crise política com base em avaliação técnica, o fabricante do sistema terceiro colocado na licitação, denominado Caesar, entrou com uma ação no mesmo TCU para invalidar a compra.

A KNDS France entrou com representação alegando irregularidades na concorrência vencida em abril pela empresa israelense. 

A companhia europeia pediu medida cautelar para suspender o processo de compra até que a representação seja analisada. Nela, a KNDS alega que os produtos oferecidos pela companhia israelense são adaptados para venda à Força Terrestre brasileira e não têm uma produção em série como determinaria o edital.

Com a queda do argumento de que não seria possível comprar materiais bélicos de uma empresa ligada a um país em guerra, ficou claro o real motivo da licitação não ter avançado em seis meses: "...Questões ideológicas do governo de Luiz Inácio da Silva (leia-se Assessor Especial da Presidência, embaixador Fernando Amorim) estariam inviabilizando a compra".

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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos estaria com uma investigação em curso sobre o Programa de Aquisição de 36 caças Gripen E/F pelo Brasil. Fotomontagem: Infodefensa

Dois dias depois desses fatos lamentáveis, uma lacônica nota de imprensa da SAAB AB em seu website informava que a o Departamento de Justiça dos Estados Unidos estaria com uma investigação em curso sobre o Programa de Aquisição de 36 caças Gripen E/F pelo Brasil, denominado FX-2, sendo a empresa intimida a SAAB North America, subsidiária da matriz sueca em território norte-americano.

Segue na íntegra o texto da nota: 

"O Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) solicita informações da Saab North America, Inc. sobre a aquisição de 36 caças Gripen E/F pelo Brasil em 2014. A aquisição de caças do Brasil (o Programa FX-2) ocorreu entre 2008 e 2014 e a Saab foi a vencedora desse contrato. A Saab pretende cumprir com a solicitação de fornecimento de informações e cooperar com o DoJ neste assunto. Autoridades brasileiras e suecas já investigaram partes do processo de aquisição de caças brasileiros. Essas investigações foram encerradas sem indicar nenhuma irregularidade por parte da Saab. Devido a obrigações de sigilo, a Saab não pode se comunicar mais sobre isso."

A percepção de tempo do DoJ norte-americano é bem peculiar, já que passaram-se 10 anos do anúncio da SAAB como vencedora (2014). 

Mas não é a primeira vez que a Justica doméstica de Países tradicionais fornecedores de material e tecnologias militares para o Brasil usam deste expediente para interferir em contratos e alianças. 

Como mostrado recentemente por Infodensa, a Justiça francesa também apreendeu documentos nos escritórios da Thales em três países europeus, alegando corrupção de funcionários brasileiros envolvidos com o Programa de Submarinos ou PROSUB. 

Tal como na alegação feita pela Justiça norte-americana, os fatos elencados pela Justiça francesa já teriam sido investigados há alguns anos e nenhuma prova de irregularidade teria sido encontrada. 

Gripen baseUm caça SAAB Gripen E da Força Aérea Brasileira. Firma: Roberto Caiafa

L3 Com e Embraer: C390 nos Estados Unidos

Dois dias após o anúncio da investigação por parte do Departamento de Justiça Norte-Americano sobre o Gripen para o Brasil, a Embraer Defesa e Segurança anunciava, através do seu presidente, Bosco Jr, que a parceria com a L3 COM para oferecer o C-390 Millennium como um "Agile Tanker" para iniciativas de defesa da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) havia sido desfeita.

Revelada em 2022 pelo CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, e o CEO da L3Harris, Chris Kubasik, a parceria com o C-390 previa que a L3Harris serviria como contratada principal do programa e forneceria sistemas de missão produzidos nos Estados Unidos para equipar uma nova versão configurada com tecnologia de reabastecimento empregando lança telescópica (flying boom), de modo a atender a Força Aérea (USAF) como um reabastecedor tático capaz de operar na linha de frente abastecendo caças de 5º geração, jatos de combate tripulados e drones autônomos. 

Esse é um revés importante no momento em que a Embraer Defesa e Segurança prepara sua participação no Next Generation Air Refueling System ou NGAS, que tem por objetivo definir as novas aeronaves que irão cumprir essas missões após a USAF desistir da estratégia de reabastecimento de três frentes conhecida como KC-X, KC-Y e KC-Z, esta última de caráter tático e onde o C-390 Millennium estava sendo oferecido inclusive com uma linha de produção dos aviões nos Estados Unidos atendendo ao Buy America Act.

L3Harris Embraer Agile Tanker for USAFA parceria entre a Embraer e a L3 COM para oferecer o C-390 Millennium como um "Agile Tanker"  foi desfeita, segundo a empresa brasileira. Firma: Embraer



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