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Tamandaré, Centauro 2 e Atmos para o Brasil: só falta assinar o contrato para o obuseiro sobre rodas
Na manhã do dia 17 de agosto de 2024, a fragata Tamandaré (F200) completou a operação de lançamento conhecida como "load out" e flutuou pela primeira vez em águas brasileiras, manobrada por dois empurradores, no estaleiro da Thyssenkrupp Marine Systems no porto de Itajaí, Santa Catarina.
Quando a noite chegou, mas no porto da Cidade do Rio de Janeiro, o enorme navio Ro/Ro Container Grande Francia desembarcou em terras brasileiras o primeiro blindado 8x8 Centauro 2, após uma longa e atribulada viagem que começou na Itália, empacou na Alemanha por quase um mês e finalmente chegou ao Brasil.
Esses dois acontecimentos no sábado (17) complementaram uma semana de intensas movimentações nos bastidores em Brasília, com o ministro da defesa, Múcio Monteiro, usando de grande habilidade política para conciliar duas agendas aparentemente impossíveis, a desgastada relação entre o atual Governo Brasileiro do Senhor Luis Inácio da Silva e o atual Governo israelense do Senhor Benjamin Netanyahu, e o processo de assinatura do contrato para aquisição do Obuseiro 155mm ATMOS, da empresa Elbit Systems, escolhido pelo Exército Brasileiro após uma criteriosa seleção licitatória iniciada em 2017.
A empresa israelense foi declarada vencedora em abril último, tanto pelo melhor preço quanto pela avaliação técnica desse sistema de armas quando comparado com produtos similares de fabricantes da China, França e Eslováquia (República Tcheca).
No discurso do ministro, questões entre os dois governos não podem determinar que uma empresa de Defesa de Israel e o Exército Brasileiro, principais interessados, saiam prejudicados nessa situação política, vista como transitória e a caminho de ser superada o mais rapidamente possível no cenário internacional.
Todos os envolvidos com a questão em Brasília parecem entender a importância do Brasil ter acesso a esse sistema de armas, inédito na configuração selecionada, para modernizar a Força Terrestre e sua Arma de Artilharia, obrigada a operar por décadas canhões obsoletos fabricados durante a 2ª Guerra Mundial (1939/1945) e após a Guerra da Coréia (1950/1953), e outros sistemas não menos desatualizados, incorporados na década de 1970 do século pássado.
Quase três anos da Agressão Russa contra a Ucrânia mostraram claramente ao mundo que sistemas de artilharia sobre rodas, de alto mobilidade e grande alcance são fundamentais para o apoio de fogo, empregando tanto a granada M-107 HE padrão de 155mm quanto munições guiadas inteligentes de alcance extendido para engajamento de alvos específicos.
Diante disso, e buscando uma solução para o impasse, o ministro da Defesa propôs ao presidente Luís Inácio da Silva e seu Conselheiro Internacional, o diplomata Celso Amorim, uma solução onde 34 dos 36 obuseiros seriam montados/produzidos no Brasil, usando as competências da Elbit Systems em duas empresas subsidiárias, a AEL Sistemas, baseada na cidade de Porto Alegre, e a Ares Aeroespacial e Defesa, localizada no Rio de Janeiro.
A idéia é que uma reunião com a presença de Amorim, Múcio e representantes da Elbit Systems aconteça nos próximos dias em Brasília para formalizar uma data para assinar o contrato, tornando possível o envio dos dois primeiros exemplares do ATMOS, produzidos totalmente em Israel, para serem submetidos a uma ampla bateria de testes no Brasil.
ATMOS
O ATMOS (Autonomous Truck Mounted Howitzer System) da Elbit Systems, um obus autopropulsado de calibre 155 mm/52, foi escolhido entre concorrentes como o francês CAESAR, o eslovaco Zuzana 2 e o chinês SH-15.
Desenvolvido pela Soltam Systems (agora parte da Elbit Systems), o ATMOS é montado em um chassi de caminhão de alta mobilidade 6x6 ou 8x8 (Tatra 815-7 para o Brasil), oferecendo flexibilidade com vários tubos de armas e munição de 155 mm padrão da OTAN.
O ATMOS pode disparar uma variedade de munições modernas, incluindo alto explosivo (HE), base bleed (BB) para alcance estendido, granadas de fumaça para obscurecimento do campo de batalha, granadas iluminativas para operações noturnas, munições cluster (cacho) e munição antitanque (guiamento final), visando destruir tanto tropas inimigas (antipessoal) quanto veículos blindados (antimaterial).
O ATMOS é equipado com um sistema de manuseio e carregamento automatizado que proporciona alta taxa de tiro, incluindo três disparos em 15 segundos no modo rajada, ou sustentar dois disparos por minuto durante uma hora (aquecimento do tubo).
Com munição de alcance estendido, esse armamento pode atingir alvos com precisão a 41 km.
Projetado para rápida implantação e reposicionamento, o ATMOS suporta táticas de "atirar e fugir" essenciais na guerra moderna, evitando fogos de contra-bateria ou ataques com drones, ou ambos.
O sistema integrado do obuseiro incorpora controle de fogo avançado, navegação digitalizada, posicionamento automático e sistemas de mira que garantem precisão e eficiência operacional.
Esses equipamentos podem ser facilmente integrados ao C2 de Combate e BMS usados localmente.
Os sistemas empregados no ATMOS para o Exército Brasileiro priorizam a proteção da tripulação com cabine e arma protegidos por blindagem leve, fornecendo defesa contra fogo de armas pequenas e fragmentos de projéteis, e inclui também um sistema de proteção nuclear, biológica e química (NBC).
