O Ministério da Defesa do Brasil completou 25 anos de sua criação no mês de junho, e para celebrar a data, o atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, participou de uma Live na internet reunindo outros três ex-ministros da Defesa, Raul Jungmann, Aldo Rebelo e Nélson Jobim, mais o embaixador Rubens Barbosa como mediador.
Na parte final da transmissão, ao ser questionado sobre a situação da Avibras Indústria Aeroespacial S/A , Múcio não só informou que os australianos da DefendTex desistiram das negociações para adquirir a empresa de Defesa brasileira, como surgiu uma nova companhia de um "grande País", palavras do ministro, interessada na compra de 49% da fabricante de mísseis e foguetes, os outros 51% ficando na mão de capital brasileiro".
Live reuniu o atual e tres ex-ministros da Defesa, com resultado surpreendente. Firma: CEDESEN
A reviravolta nas negociações fica mais evidente quando o ministro da Defesa, pela primeira vez em meses de negociações, referiu-se especificamente ao atual proprietário da Avibras - que detem 99% das ações da companhia - e listou os problemas que a empresa tem com o Governo Federal "essa é a terceira recuperação judicial pela qual passa a companhia, algo inédito, e existem dívidas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a Caixa Econômica Federal (CEF), com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), além de recursos do Exército Brasileiro investidos em encomendas que ainda não foram entregues (aqui o ministro referiu-se ao AV-MTC, o missil tático de cruzeiro em desenvolvimento há mais de 15 anos). "Havia uma empresa da Austrália interessada em fazer negócio para a compra da Avibras, mas no início dessa semana a DefendTex comunicou sua desistência, e no dia de hoje (13 de maio) apareceu um novo interessado, uma empresa que nos pediu sigilo, e entregou uma carta proposta protocolar nesta tarde. Esta empresa, de um País muito forte, estaria propondo adquirir 49% da Avibras Indústria Aeroespacial S/A, ficando os outros 51% em maõs de capital brasileiro.
A desistência da Defendtex tornou-se oficial após a empresa ter um pedido de empréstimo no sistema financeiro australiano recusado, e sem esse recurso o negócio não teria como ser viabilizado.
Considerada estratégica pelas FFAA, a Avibras deverá permanecer sob controle de capital brasileiro. Firma: Avibras
O surgimento de uma nova empresa interessada na compra da Avibras, as vésperas do início de uma Eurosatory em Paris, e com o mercado de mísseis e foguetes em ascensão após diversas compras desse tipo de armamento na Europa, Oriente Médio e Ásia, reveste-se de especial importância.
Se essa proposta se concretizar e mantiver a empresa e suas tecnologias sob controle brasileiro, será um marco positivo da atual gestão do Ministério da Defesa do Brasil.
A brasileira Avibras desenvolveu para o Exército Brasileiro o AV-MTC, míssil de cruzeiro tático com 300km de alcance. Firma: Avibras