O Anequim, primeiro avião brasileiro com estrutura primária toda em fibra de carbono, o que o torna leve (330 quilos, vazio, 490 quilos com piloto e combustível) rígido e forte estruturalmente, é um avançado monomotor monoplace desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Projetado por uma equipe de 30 alunos do Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA-UFMG) liderados pelo professor Paulo Iscold (39 anos), o avião, batizado com o nome de um tubarão de desenho peculiar, o Anequim, fez a sua estréia com grande destaque na imprensa mundial. No final do mês de agosto, na Base Aérea de Santa Cruz (RJ), e contando com o apoio da Força Aérea Brasileira, este avançado avião de aerodinâmica de formas complexas e motor Lycoming IO-360 de 280 hp logrou bater cinco recordes mundiais de velocidade para aeronaves de até 500 kg. O Anequim atingiu 521 km/h, tendo nos comandos Gunar Armin, piloto oriundo da aviação comercial que anteriormente já havia voado o CEA-308, outro batedor de recordes entre os 10 aviões diferentes construídos por alunos chefiados por Paulo Iscold. De fato, esse professor de engenharia aeronáutica é também braço direito do time que assessora o piloto britânico Paul Bonhomme, que compete na mundialmente famosa Corrida Aérea Red Bull Air Racing. Gunar teve de controlar com cuidado seu peso para manter o conjunto avião + piloto dentro do limite de 500 kg.
O Anequim combina baixo peso, resistência estrutural, aerodinamica de formas refinadas, motorização eficiente na sua faixa de operação e propulsor (hélice) de desenho avançado, o que permite ao pequeno avião obter uma peformance de jato voando ao nível do mar, como feito na Base Aérea de Santa Cruz. O domínio dessas tecnologias por Universidades Federais brasileiras permitirão avanços de projeto na área de aeronaves remotamente pilotadas (UAV) de maior porte e capazes de voar a grandes velocidades com um pesado pacote de sensores, monitorando assim grandes extensoes de superfície terrestre ou marítima. A UFMG já trabalha com algumas empresas que forneceram, em algum momento, produtos para as Forças Armadas Brasileiras, caso da Flight Technologies, que produz um modelo de ARP originalmente desenvolvida em parceria com a UFMG e entregue ao Exército Brasileiro, ou a Fibraer, empresa que domina complexos processos industriais para a confecção de peças e componentes em fibra de carbono.
Os recordes:
Velocidade em percurso de 3 km com altitude restrita: 521,08 km/h Recorde anterior: 466,83 km/h
Velocidade em percurso de 15 km: 511,19 km/h Recorde anterior: 455,8 km/h
Velocidade em percurso fechado de 100 km: 490,14 km/h Recorde anterior: 389,6 km/h
Velocidade em percurso fechado de 500 km: 493,74 km/h Recorde anterior: 387,4 km/h
Tempo para atingir 3.000 m de altitude: 2 minutos e 26 segundos Recorde anterior: 3 minutos e oito segundos
Imagens: CEA UFMG/Raphael Brescia