Os últimos dias de abril e a primeira semana do mês de maio registraram chuvas em proporções nunca vistas no Estado do Rio Grande Do Sul, na região sul do Brasil.
Centenas de cidades foram alagadas, incluindo a capital, Porto Alegre, infraestrutura de saneamento, água potável, eletricidade, telefonia e internet destruídas, pontes e viadutos danificados ou levados pelas águas, aeroportos transformados em espelhos dágua, como o Salgado Filho, fechado por tempo indeterminado, fábricas, empresas, escolas e o comércio, tudo foi inundado e parou.
Os números da tragédia no último domingo (5/5). Firma: GRS
As pessoas ficaram ilhadas nas áreas rurais e mesmo nas cidades, vias e estradas foram severamente danificadas ou bloqueadas por toneladas de terra e entulho.
A lama tomou conta de tudo, a ponto de ser visível a grandes altitudes, e as previsões do tempo anunciam que ainda tem água para cair do céu por muitos dias a frente.
O Choque Inicial
O processo de reação das forças armadas brasileiras, baseado no conceito interagências, onde Defesa Civil, Brigada Militar, Secretarias de Saúde, de Segurança Pública, dentre outras, são acionadas nos níveis municipal e estadual, gerando um efeito dominó que amplia a mobilização para hospitais, transportes e outras competências, foi lento e demorou a mostrar resultados, tamanha a devastação causada.
O Poder Federal foi notavelmente lento na sua reação inicial.
Blindado anfíbio Guarani auxilia na reconstrução de linhas de energia. Firma: EB
A Força Aérea Brasileira, por exemplo, só conseguiu disponibilizar nos primeiros dias, a partir da Base Aérea de Canoas, dois helicópteros H-60L Black Hawk, valiosos pela capacidade de voar a noite com visão noturna (NVG), como resgates dramáticos comprovaram nos dias que se seguiram.
Os transportes KC-390 foram colocados a levar para o sul cargas como hospitais de campanha modernos, (todo modular), ou cilindros de oxigênio medicinal, além de maquinário leve especializado.
Aos poucos, a Aviação do Exército e a Aviação Naval começaram a enviar suas aeronaves operativas, tripulações e equipamentos.
Pelo mar, e nos próximmos dias, será a vez do Navio Aeródromo Multipropósito Atlântico chegar a Porto Alegre, onde atuará como base de pouso e decolagem de helicópteros e também como hospital embarcado. O navio capitânea parte na quarta, dia 8 de maio, do Rio de Janeiro bastante carregado.
Resumo das FFAA no dia 4 de maio: começando a engrenar. Firma: EB
Forças de Segurança
As Aviações de Segurança Pública dos Estados, nos dias seguintes a primeira leva de destruição, começaram a disponibilizar helicópteros, pessoal SAR e outros recursos, como médicos e socorristas especializados em resgate, para reforçar as operações.
Juntaram-se a esses operadores fardados muitos helicópteros e aeronaves de asas fixas civis, com pilotos voluntários voando missões de resgate de pessoas ilhadas, remoção de feridos, transporte de suprimentos e todo tipo de necessidade.
Linhas Logísticas, o calcanhar de Aquiles
As dificuldades de Exército, Marinha e Força Aérea em suas respectivas operações desnudaram as deficiências que orçamentos com valores abaixo dos mínimos mais contingenciamentos recorrentes causam: quando o menor tempo de resposta decide quem vive e quem morre, as FFAA estavam lutando suas próprias guerras contra a baixa disponibilidade de material e suporte logístico de meios dependente do modal terrestre para apoio, que simplesmente foi destruído na região sul.
No dia 05 de maio, dezenas de helicópteros já estavam operando no RS. Firma: EB
Com o passar dos dias, os números de salvamentos e resgates começaram a melhorar progressivamente, e um melhor planejamento de emprego dos meios implementado, permitindo alternar missões de ressuprimento e apoio logístico com voos de socorro as pessoas e transporte para áreas seguras.
Combustível seguro (livre de contaminação por umidade), em quantidades necessárias, começou a ser transportado em barriletes especiais e distribuído nos pontos de missão, permitindo uma lenta porém segura escalada de voos e atendimento de mais missões.
Notável a falta inicial de botes e embarcações de pequeno porte, por parte da Marinha, a pequena quantidade de helicópteros empenhados nos cinco primeiros dias e o lento aumento de efetivos, incluindo tropas movimentadas de outros Estados.
Parte da Base Aérea de Canoas já foi alagada. Firma: FAB
A Realidade dos Mínimos
Além dos helicóperos (os meios mais requisitados) foram mobilizados veículos blindados com capacidade anfíbia do tipo Guarani, diversos tipo de embarcações, de botes de lona a pequenos jet ski, uma miríade de caminhões leves, médios e pesados (estes da Engenharia, que também fez uso de blindados Bergenpanzer), escavadeiras, tratores, guinchos - lentamente, as unidades operadoras foram sendo colocadas em marcha, enfrentando grandes dificuldades para efetuar deslocamentos relativamente curtos, devido a surpreendente destruição na malha de rodovias.
No fim de semana, a Força Aérea Brasileira colocou para atuar na região devastada pelo menos um exemplar do drone Hermes 900, um valioso aliado, especialmente a noite, quando é capaz de dectar fontes de calor e presença humana a grandes distâncias.
Engenharia usando caminhão Tatra 8x8 para lançar embarcação militar. Firma: EB
Constelações de satélites privadas de observação terrestre como o Plêiades disponibilizaram imagens de alta resolução aos militares brasileiros, aumentando a compreensão do tamanho da tragédia.
Um jato de grande porte KC-30 efetuou voo solidário levando toneladas de suprimentos e material de saúde até o Rio Grande do Sul.
Em todo o País, sistemas de doações foram implementados para arrecadar roupas, alimentos, água potável e medicamentos para os desalojados.
Militares e civis juntos estão voando para salvar, avançando para viver e flutuando para socorrer.
Não é exagero afirmar que o Rio Grande do Sul terá de ser reconstruído, e isso vai demandar muito tempo.
Botes semi-rígidos de grande capacidade, um íten valioso e escasso no inventário do EB. Firma: EB
Lista de Meios operando no Rio Grande do Sul (06/05/2024)
Força Aérea Brasileira:
Marinha do Brasil:
Exército Brasileiro:
Aeronave UH-12 da Marinha do Brasil. Firma: Roberto Caiafa
Polícia Federal:
Polícia Rodoviária Federal:
Receita Federal:
Polícia Militar do Estado de São Paulo:
Leonardo AW119Kx da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Firma: PCRJ
Polícia Militar de Santa Catarina:
Polícia Militar do Paraná:
Polícia Militar de Minas Gerais:
Polícia Militar do Mato Grosso do Sul
Polícia Militar do Distrito Federal:
Polícia Civil do Rio de Janeiro:
Polícia Civil de Santa Catarina:
Leonardo AW169 do CBMERJ. Firma: Leonardo
Bombeiros de Minas Gerais:
Bombeiros do Rio de Janeiro:
Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso:
Fuerza Aérea Uruguaya:
Firma: Roberto Caiafa