Durante concorrida palestra realizada na 10ª edição da Conferência de Sistemas e Tecnologia Militar (CSTM), o Diretor de Fabricação do Exército Brasileiro, general-de-brigada Tales Eduardo Areco Villela discorreu sobre o Programa de Modernização da Viatura Blindada de Reconhecimento - Média Sobre Rodas (VBR MSR) Cascavel, que prevê uma entrega inicial de 98 exemplares modernizados com um investimento de R$ 86 milhões.
No decorrer do Programa Novo Cascavel, lotes a serem contratados posteriormente podem resultar em mais de duzentos veículos blindados EE-9 modernizados para atuarem por mais 15/20 anos, nada mal para um cinquentão com extensa ficha de combate.
Imagem: 10ª CSTM 2021
De forma inédita para o Exército Brasileiro, o EE-9 Cascavel da extinta Engesa vai ostentar o título de primeiro veículo blindado da força terrestre brasileira equipado com lançador de míssil anticarro guiado.
Segundo o general Tales Villela, esse é o grande desafio tecnológico do Projeto, que em outros aspectos é considerado “de baixo risco” devido ao profundo conhecimento que o Exército possui sobre a frota de 400 veículos, dos quais 200 seriam elegíveis para receber uma modernização.
Para efeito de corte, o Projeto Novo Cascavel precisa manter seus valores globais de custos abaixo de 30% do valor despendido com o Programa VBC CAV 8x8 entregando novo motor, transmissão, sistema elétrico revisado e com mais energia, novos freios, nova suspensão, pneus mais modernos, sistema de arrefecimento ampliado e um inédito sistema de ar-condicionado para a tripulação, assim como um computador de tiro digitalizado que irá controlar periscópio para o atirador, equipado com telêmetro laser e visão noturna, assim como periscópio com visão noturna para o motorista.
Imagem: 10ª CSTM 2021
O comandante do carro terá ainda um periscópio com visão diuturna de 360º, posibilitando engajamentos rápidos, especialmente no uso dos mísseis anticarro a distâncias que podem exceder quatro mil metros.
Na nova configuração da torre, os servos assistidos para giro e elevação eliminam o moroso sistema manual usado anteriormente, e todos os tubos de 90 mm dos carros modernizados serão revitalizados pelo Arsenal de Guerra de São Paulo, unidade que faz parte da Diretoria de Fabricação e tem um importante papel, pois irá sediar a linha de produção dos veículos a serem modernizados, realizar a montagem final, os testes e aferições e as entregas.
A nova torre vai receber a integração de um lançador de mísseis anticarro guiados com alcance mínimo de quatro quilômetros, tudo gerenciado pelo novo computador de tiro, e contando com visão noturna e capacidade de operar em qualquer condição climática.
Imagem: 10ª CSTM 2021
Não se sabe ainda quantos mísseis serão levados pronto para disparo (e quantos estarão disponíveis para recarga), ou qual será o modelo de estação remota de lançamento que será integrado ao tubo com o míssil e se este tera capacidade de remuniciamento automático sem intervenção da tripulação.
Nas comunicações o C2 contará na sua arquitetura com o SOTAS da Thales integrando rádio digital veicular RF7800V – V5560, duas estações de comutação e três conjuntos de headsets para a comunicação dos tripulantes. Na traseira do carro, um útil “telefone de infantaria” deverá ser disponibilizado, facilitando a comunicação com tropas amigas.
Segundo o general Tales Villela, o Programa encontra-se na sua fase licitatória, e a sessão pública onde as empresas que retiraram, ou vão retirar, o edital no período de 5/11/21 a 31/01/22, culminará com a divulgação da companhia vencedora.
Imagem: 10ª CSTM 2021
A assinatura do contrato inicial é prevista para ocorrer no máximo até o início do mês de abril de 2022, época em que os trabalhos deverão ser iniciados no protótipo.
Segundo Villela, é meta do Exército obter dois protótipos funcionais disponibilizados pela empresa vencedora do certame antes do final de 2022, algo que o próprio general considera ambicioso mas necessário, devido as características do ano fiscal de 2022 em meio a eleições presidenciais. A fase de avaliação desses protótipos se estenderia até 2024, quando ocorreria a obtenção de um lote piloto de sete carros a serem testados até o início de 2026.
Entre 2026 e 2029 seriam entregues 21 carros anualmente, o restante sendo entregue em dois lotes de 13 veículos até o final do primeiro semestre de 2031, totalizando 98 carros 6x6 modernizados em 10 anos.
Entre as empresas participantes, nomes de peso como Avibras Aeroespacial e Defesa, Ares Aeroespacial e Defesa, Rafael, Akaer, Columbus International, Equitron, IAI, OPTO, NORINCO, Universal, Rosoboronexport, SAFRAN e Hensoldt.
Imagem: 10ª CSTM 2021