Marinha do Brasil e a conexão Índia + Paquistão: tecnologias navais críticas compartilhadas
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Marinha do Brasil e a conexão Índia + Paquistão: tecnologias navais críticas compartilhadas

A Marinha do Brasil busca opções para expandir suas competências na manutenção de submarinos, treinamento e substituição de importações
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Em Nova Déli, o Almirante Marcos Sampaio Olsen é recebido pelo Almirante Dinesh K. Tripathi, Chefe do Estado-Maior Naval. Firma: MoD India
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O Almirante Marcos Sampaio Olsen, Comandante da Marinha do Brasil, está em viagem oficial à Índia entre os dias 19 a 24 de agosto. A visita visa aprimorar e ampliar a cooperação marítima entre os dois países. 

Na capital da Índia, Olsen foi recebido pelo Almirante Dinesh K. Tripathi, Chefe do Estado-Maior Naval.

Além de Nova Déli, o militar brasileiro também foi a Mumbai, onde se encontrou com o Comandante-em-Chefe do Comando Naval Ocidental, Vice Admiral Sanjay Jasjit Singh, e visitou navios de guerra e submarinos da Marinha da Índia.

Olsen4Em Nova Déli, o Almirante Marcos Sampaio Olsen é recebido pelo Almirante Dinesh K. Tripathi, Chefe do Estado-Maior Naval. Firma: MoD India.

 

O tour incluiu uma extensa visita ao Estaleiro Naval Mazagon Dock Shipbuilders Limited.

Segundo informes da mídia local, o Estaleiro Mazagon estaria oferecendo a Marinha do Brasil um programa industrial binacional para a fabricação, com transferência de tecnologia, de até seis exemplares da fragata pesada (destroyer) Nilgiri Modificada, capaz de receber a integração do míssil de cruzeiro supersônico Brahmos e dotada de propulsão CODAG (diesel/turbina a gas) e construção modular moderna.

Deslocando mais de 6.500 toneladas, esses navios operaram dois helicópteros multifuncionais com Hangar e Destacamento Aéreo Embarcado, possuem sistemas lançadores verticias tanto para o Brahmos quanto para os mísseis antiaéreos Barak 8 (capacidade ABM), associados a radares ELTA EL/M-2248 MF-STAR S-Band AESA e Indra LTR-25 'Lanza' L-Band.

P17A Nilgiri Class Frigate Design of Indian NavyO Projeto Fragata P-17A utiliza tecnologia indiana, israelense, norte-americana e espanhola. Firma: MoD India

Complementam o set de armamento dois reparos triplos de torpedos antisubmarinos a meia nau, reforçados por dois lançadores foguetes antisubmarinos na proa, junto ao canhão 76/62mm da Leonardo.

Integração Índia e Brasil

A Marinha da Índia é parceira da Marinha do Brasil por meio de interações operacionais, na cooperação em treinamento e outras ações que envolvam as vias marítimas internacionais. 

As duas marinhas também têm interagido em fóruns multilaterais como o MILAN  e o India-Brazil-South Africa Maritime  (IBSAMAR )

A Cooperação Bilateral de Defesa entre os dois países é conduzida por meio do Comitê Conjunto de Defesa, dirigido pelos respectivos Ministérios da Defesa.

Olsen5Olsen é recebido pelo Secretário de Defesa da Índia, Mr. Shri Giridhar Aramane, em Nova Delhi. Firma: MoD India

Como parte de seus compromissos oficiais em Delhi, Olsen encontrou-se com o Secretário de Defesa da Índia, Shri Giridhar Aramane, com o Vice Admiral (retd) Ashok Kumar, Coordenador Nacional de Segurança Marítima, e com o vice-chefe do Estado-Maior do Exército Indiano, tenente-general N. S. Raja Subramani

Durante esta visita, o Almirante Marcos Sampaio Olsen conheceu o Information Fusion Centre – Indian Ocean Region  (IFC/IOR) - centro regional de segurança marítima para as rotas do Oceano Índico, em Gurugram - e interagiu com vários representantes da indústria de Defesa indiana.

Olsen3O Almirante Olsen deposita uma coroa de flores no Memorial Nacional de Guerra em Nova Déli. Firma: MoD India

Na lista de interesses da Marinha do Brasil nesta visita a Índia, as tecnologias de manutenção de casco e sistemas embarcados e a realização de modificações de projeto nos submarinos do tipo Scorpene estão no topo. 

Uma dessas modificações, o Air Independent Power, ou AIP, permite a um submarino assim equipado navegar submerso por mais de duas semanas sem precisar recarregar as baterias elétricas usando o snorkel, atividade que entrega a sua posição e compromete a sua discrição.

Outra tecnologia que converte os Scorpene em predadores estratégicos é a capacidade atualmente sendo desenvolvida pelo Defense Research and Development Organization (DRDO) para que os próximos quatro submersíveis Scorpene produzidos localmente (de um total de nove encomendados) possam disparar o míssil de cruzeiro lançado por submarino (SLCM). 

Esse programa, denominado Projeto 75 Índia (SSK classe Kalvari), tem atraído o interesse brasileiro visando a uma futura contratação de um 2º lote de submarinos S-BR fabricados no Brasil incorporando essa capacidade que seria fornecida pela Índia.

Aip naval gROUPO Air Independent Power, ou AIP, permite a um submarino assim equipado navegar submerso por mais de duas semanas sem precisar recarregar as baterias elétricas. Firma: Infodefensa 

Os próprios mísseis de cruzeiro lançados de navios e submarinos estão na agenda de qualquer marinha moderna, e o Brasil tem manifestado em diversas ocasiões seu interesse por armas desse tipo, como por exemplo, o míssil Brahmos, que já está no mercado há 20 anos, é mais pesado (cerca de 2.500 kg) e supersônico, e o novo Nirbhay na versão naval embarcada, subsônico com propulsão turbojato (peso de 1.200 kg), apresentado oficialmente em abril de 2023.

A conexão Paquistão

No final do mês de abril, uma comitiva da Marinha do Brasil visitou o Paquistão para conhecer detalhes da indústria naval daquele País

Ao final do mês de julho último, o chefe-do-estado-maior-da-armada, Almirante de Esquadra André Luiz Silva Lima de Santana Mendes, liderou mais uma visita ao País, dessa vez para conhecer as tecnologias, capacidades e produtos da empresa de Defesa paquistanesa Global Industrial & Defence Solutions (GIDS), o principal conglomerado de defesa estatal do Paquistão, que representa as maiores unidades de fabricação de defesa locais e atua como centro das principais atividades de P&D, oferecendo produtos para aplicações militares multifacetadas e capacidades que permitem a clientes internacionais substituirem importações de ítens de alta tecnologia, um gargalo conhecido, por exemplo, do Programa Estratégico da Marinha PROSUB.

Almirante Silva Lima3Silva Lima é apresentado ao Taimoor pelo CEO da GIDS, Asad Kamal. Trata-se de um míssil de cruzeiro anti-navio e de ataque terrestre. Firma: GIDS

O almirante Siva Lima foi recebido pelo CEO da GIDS, Asad Kamal, um executivo com 20 anos de experiência em mais de 50 países espalhados pela América do Sul, Ásia do Sul, África e Ásia Central.

O executivo demonstrou vários sistemas de armas, com especial destaque para o Taimoor, um míssil de cruzeiro anti-navio e de ataque terrestre com fuselagem aerodinâmica em forma de caixa, um buscador de imagens infravermelhas (IIR) no nariz, asas dobráveis no meio do corpo e um motor turbojato na parte traseira, cuja entrada de ar está localizada abaixo do corpo do míssil, entre as asas e as aletas. 

O Taimoor pode ser armado com uma ogiva de fragmentação perfurante de blindagem, dentre outras cabeças de guerra. 

Também foram demonstrados diversos modelos de drones classe II e III, e armamento  inteligente como kits de guiamento para bombas da série MK, dentre outros sistemas.

Almirante Silva Lima1CEO da GIDS, Asad Kamal, demonstrando as capacidades do kit de guiamento para bombas AZB-83. Firma: GIDS


PROSUB na mira

A Marinha do Brasil procura no mercado capacidades industriais complementares para melhor avançar com o PROSUB, em paralelo com o desenvolvimento do seu Programa Nuclear, e a GIDS pode oferecer competências em sistemas submarinos que ajudariam a substituir determinadas importações, negadas ou dificultadas ao País, e também inéditas, em alguns casos.

Dentre essas tecnologias que interessam aos brasileiros,  estão itens como o Simulador de Propulsão de Submarino para treinamento offshore da tripulação da Sala de Controle de Propulsão, que simula as operações do Painel de Controle de Propulsão, Painel de Interruptores CA Principal, controle local do Motor Principal e controle local do Motor de Cruzeiro.

Esse é apenas um exemplo possível dentre vários outros equipamentos e sistemas que estão sendo discutidos de parte a parte. 

A ìndia não só possui experiência com submarinos Scorpene convencionais, modifivados ou não, como também opera submarinos nucleares de origem russa enquanto não conclui seu programa nativo, portanto, existem sinergias promissoras que podem ajudar a Marinha do Brasil a cortar caminhos, fugir de embargos e evitar pressões de interesses internacionais contrários ao seu Programa Nuclear.

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A Marinha do Brasil precisa investir em tecnologias para o seu SN-BR que não estão disponíveis, se depender dos franceses e outros fornecedores ocidentais. O Paquistão poderia tornar-se esse fornecedor de tecnologias críticas para a classe "Álvaro Alberto", segundo a GIDS. Firma: GIDS 



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