O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) deverá realizar ainda em 2020 o primeiro ensaio em voo do motor aeronáutico hipersônico em desenvolvimento no Brasil, denominado Operação Cruzeiro.
O Sistema Integrado Veículo Acelerador Hipersônico (VAH) e o Motor Aeronáutico Hipersônico, batizado de 14-X S, formam uma combinação de tecnologias desenvolvidas no Brasil.
A plataforma de demonstração do motor hipersônico aspirado (planador hipersônico) será acelerada até cerca de 7.500 km/h na estratosfera terrestre, pelo VAH, baseado no foguete de sondagem VSB-30.
O VSB-30 já foi empregado com sucesso por duas vezes em campanhas do programa australiano HIFiRE, para ensaio em voo de um motor aeronáutico a combustão supersônica (scramjet) e de um planador hipersônico.
O planador hipersônico 14-X S será a carga útil do VAH, funcionando como um terceiro estágio propulsivo “aspirado”.
Os subsistemas do 14-X já estão sendo fabricados pelo IEAv em parceria com a empresa Orbital Engenharia LTDA.
As inspeções e ensaios de qualificação e aceitação serão conduzidos pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) para posteriores certificações pelo Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI)”.
O lançamento será realizado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
Essa Base Espacial, além de dispor de infraestrutura única para lançamento e rastreamento, apresenta naturalmente uma localização privilegiada, capaz de oferecer um vasto “corredor de voo”, sobre o Oceano Atlântico.
Como apoio, o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) e seus equipamentos de telemetria avançados serão utilizados como uma estação remota para rastreio redundante da trajetória acima da mesosfera terrestre.
O primeiro ensaio em voo tem como um dos objetivos principais aferir a telemedida de dados aerotermodinâmicos associados à condição de partida do motor, capazes de validar e otimizar modelos computacionais e dados experimentais obtidos em laboratório.
Além disso, o teste consolidará o emprego de algumas tecnologias críticas, com destaque para o estágio de compressão móvel, combustor supersônico e sistema de armazenamento e de injeção de combustível (hidrogênio gasoso)”.
A Operação Cruzeiro fecha um ciclo de pouco mais de uma década de esforços no estabelecimento dos fundamentos e requisitos associados à tecnologia de propulsão scramjet, ao mesmo tempo em que dá início a um novo ciclo inédito no tocante ao desenvolvimento de um produto de defesa nacional.
Será o primeiro e grande passo em termos de ensaios em voo hipersônicos, contribuindo para elevar o nível de prontidão tecnológica (TRL) da Força Aérea Brasileira (FAB) no tocante a sistemas de propulsão hipersônica aspirada, saltando do nível 4 (validação em ambiente laboratorial) para o nível 7 (demonstração em ambiente operacional).
Esse será o primeiro passo de uma caminhada disruptiva e impactante no cenário geopolítico mundial, colocando o Brasil em uma posição de destaque frente aos maiores e mais desenvolvidos países do mundo.
Imagens: CTA/ITA/AEB/FAB