Almirante Fernandes: "Buscamos uma Marinha com meios modernos que deem ao País uma força dissuasória"
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Almirante Fernandes: "Buscamos uma Marinha com meios modernos que deem ao País uma força dissuasória"

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Vem de 'Almirante Fernandes: "Precisamos de um orçamento maior"'

O Almirante de Esquadra Sèrgio Roberto Fernandes dos Santos completou em fevereiro corrente 44 anos de serviço na Marinha do Brasil (ingressou em 1973). Fernandes dos Santos foi diretor do Instituto de Estudos para o Mar Almirante Paulo Moreira, diretor da Diretoria de Obras Civis da Marinha, comandou o 5º Distrito Naval e foi o Comandante-em-Chefe da Esquadra.

No posto de almirante-de-esquadra esteve a frente da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha e atuou como Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia Industrial da Secretaria de Produtos de Defesa (SEPRODE) do Ministério da Defesa. Assumiu o atual cargo, como Comandante de Operações Navais (CON), no início de 2016.

Infodefensa.com sido capaz de falar com ele a bordo do G25 NDCC Almirante Sabóia durante o exercício Aspirantex 2017. A entrevista resultante é dividido em dois capítulos por causa da sua extensão, que é a seguir reproduzido o segundo.

A presença de Aspirantes do sexo feminimo a bordo, atualmente em funções auxiliares, poderá evoluir futuramente para uma quebra de paradgima onde essas oficiais poderão aspirar a comandar navios, por exemplo, em pé de igualdade com os homens?

Isso está sendo alvo de um profundo estudo pela Diretoria-Geral de Pessoal da Marinha, e um primeiro trabalho já foi apresentado ao Almirantado. Ficaram algumas interrogações sobre como iremos proceder em algumas questões, como por exemplo, qual a porcentagem de mulheres e homens a bordo (seja em terra ou no mar). A tendência é que aconteça, a fase atual é de detalhamento de como se dará essa questão em termos jurídicos e funcionais, entre outros aspectos. Essas oficiais irão competir com os oficiais do sexo masculino em todas as áreas que lhes forem facultadas. Temos consultado outras Marinhas que já possuem essa experiência, em termos gerais e no detalhamento do dia a dia. Devemos nos lembrar que a Marinha do Brasil foi a primeira Força a aceitar mulheres em seus quadros, portanto, inovar para nós não é uma dificuldade, o que estamos fazendo e planejar detalhadamente como isso será feito, de forma a conseguirmos o melhor dos nossos militares de ambos os sexos. As mulheres sempre se sobressaem em tudo que realizam, portanto, acredito que isso será muito benéfico para a Força, quando acontecer.

Quais as principais vertentes que definem o conceito estratégico da "Amazônia Azul" com relação a Marinha que Queremos?

Nosso conceito "Amazônia Azul" está baseado em quatro vertentes principais, a Econômica, a Científica, a Ambiental e a Soberania. Vamos nos ater a esta última. Quando falamos em Soberania, a missão da Marinha tem dois propósitos, contribuir para a Defesa da Pátria e o Apoio a Política Externa do Governo Brasileiro. Dentro desses quesitos, temos como missão garantir a segurança de nossas vias de comunicação marítima, a salvaguarda da vida humana no mar e a proteção dos nossos recursos naturais na Amazônia Azul. Não se consegue cumprir esses objetivos sem dispor de uma Marinha bem equipada e bem adestrada, contando com meios modernos e eficazes.

Qual é o papel nesta estratégia de comprar o 'Bahia'?

Nesse contexto, a aquisição do NDM G40 Bahia, como citei anteriormente, reforçou e muito a capacidade anfíbia da Força. Em paralelo, a modernização de aeronaves de asas fixas e helicópteros navais tem sido outra grande preocupação, não se concebe operar no mar sem esses meios nos dias atuais. Precisamos renovar os meios de superfície, e a construção de quatro corvetas Classe Tamandaré será um grande passo nesse sentido. A Força de Submarinos está sendo elevada a um novo patamar com o PROSUB, que entregará quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear, mais uma base naval e estaleiros navais no estado da arte em Itaguaí (ver T&D 147).

Como é a Marinha que procura Brasil?

Essa é a Marinha que buscamos, altamente adestrada e capacitada com meios modernos que deem ao País uma força dissuasória capaz de inibir qualquer aventura em nossas águas territoriais. A modernização/reconstrução do Nau Capitânea da Esquadra, o NAe São Paulo, é outro projeto colocado em stand-by, no momento, devido a falta de recursos. Mas não estamos parados, existe uma coordenadoria que está realizando estudos sobre a troca da propulsão do navio por outra mais moderna e atual, dentre outras obras de grande vulto necessárias para retorná-lo a condição operativa. O casco do navio e suas obras vivas já foram inspecionados pelo Setor de Material e constatou-se que ele está em excelente condições, o que torna viável investir-se na sua recuperação.

Quão importante é este navio para o Brasil?

É imperativo manter o NAe A-12 São Paulo para que a Marinha não perca a sua capacitação na operação de aeronaves de asas fixas. A indústria nacional vai ter um importante papel nesse processo, pois com a assessoria dos franceses (DCNS) e a efetiva participação de empresas brasileiras, isso permitirá, após a conclusão dos trabalhos, manter o navio com grande independência de fontes externas, diminuindo custos e gerando empregos no Brasil.

Para finalizar, almirante, como o senhor definiria o relacionamento da Marinha com o atual ministro da Defesa, Raul Jungmann?

Vejo como um relacionamento muito positivo, não só com a Marinha mas com a Força Aérea e o Exército também. O ministro tem visitado nossas OM e conhecido de perto nossos problemas e atividades, sempre com uma palavra de incentivo e reconhecimento ao trabalho da Marinha e seus profissionais, inclusive temos agendada a sua visita ao 9º Distrito Naval, sediado em Manaus (AM). A sinergia com o MD é muito positiva e tem gerado resultados benéficos que irão se refletir em mais conquistas no médio e longo prazo. Estamos convictos disso, e o Ministro da Defesa tem se mostrado preparado para enfrentar esses desafios junto com as Forças Singulares em prol de um Brasil soberano e capaz de defender seus interesses onde e quando for necessário.

Fotos: Roberto Caiafa



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